Como a inflação alta pode aumentar a dívida do brasileiro

Carlos Lopes*
19/05/2022 às 00:16.
Atualizado em 19/05/2022 às 10:17

A inflação atual é uma questão sistêmica de mercado que tem afetado o mundo todo. Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) reajustou a Taxa Selic para 12,75% ao ano, valor mais alto em cinco anos. Já nos Estados Unidos, a taxa de juros está entre 0,75% e 1%, maior alta em 22 anos.

Mas o que de fato contribui para o aumento das taxas de juros em todo o mundo? Em linhas gerais, por um lado é um processo pós-pandemia, cuja retomada da atividade econômica e da demanda agregada de alguns países pressionou a oferta de bens e serviços e, por conseguinte, seus preços. De outro lado, houve também uma crise energética de forma sistêmica mundial pressionando os custos de produção.

Não bastassem esses fatores, a Rússia, segundo maior exportador de petróleo do mundo, não menos importante em gás natural e em fertilizantes agrícolas, em guerra com a Ucrânia, por sua vez, importantíssima região produtora de trigo e de milho, colocam ainda mais pressão inflacionária no mundo. 

Tudo isso culmina numa cesta de produtos agrícolas mais cara e num problema inflacionário de ordem mundial. O Brasil, por exemplo, grande celeiro agrícola do mundo, depende em larga medida da importação de fertilizantes agrícolas da Rússia.

Para tentar frear a inflação no Brasil, a Selic cresce a cada reunião do Copom, que acontece a cada 45 dias. Nos últimos dez encontros houve aumentos, saindo do patamar de 2% a.a. para os atuais 12,75% a.a., num prazo de pouco mais de um ano. O consumidor deve ter cautela, já que se endividar em tempos de alta de juros é ainda pior.

A lógica não é tão complicada: com a inflação alta, o Banco Central aumenta a taxa básica de juros da economia, que influencia nas demais taxas. Dessa forma, quanto mais alta for a taxa básica de juros da economia, mais caro será o acesso ao crédito, ao dinheiro. Assim, diminui-se a liquidez da economia, ou seja, haverá menos dinheiro em circulação, o que diminuirá a demanda. O processo inflacionário penaliza de forma voraz sempre a camada social de mais baixa renda. A expectativa é que a alta na inflação desacelere e a economia se estabilize em níveis mais confortáveis de inflação abaixo dos dois dígitos atuais.

*Mestre em Economia, assessor de Investimentos da Aspen Investimentos e Head da Aspen Educacional 

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