OPINIÃO

Calvície já teve glamour, hoje só afeta a autoestima ?

*Melina Oliveira
Publicado em 06/06/2024 às 19:46.

Talvez você não saiba, mas já houve um tempo em que ser calvo não apenas era algo dissociado de uma doença capilar como ainda era sinônimo de status. Em períodos remotos, como na Idade Média, a alopecia androgenética era sinônimo de divindade. Em comunidades como a dos eugenistas ao longo do século XIX, os indivíduos calvos eram quase que automaticamente identificados como pessoas dotadas de uma inteligência ímpar. Eram tratados como sábios intelectuais.

Entretanto, a escassez de uma base científica evidenciou que as crenças em torno da calvície não passavam de estigmas culturais. Hoje, o olhar sobre os calvos não é mais da forma romantizada de séculos atrás, como também não é demonizada como já fizeram ao longo das últimas décadas. O olhar, agora, é de preocupação científica. Paralelamente à resolução do problema da calvície, há um cuidado também em dar às pessoas calvas uma autoestima de que talvez elas nem se lembrem que já tiveram.

E isto serve tanto para homens quanto para mulheres. Principalmente no que tange à quantidade de indivíduos que hoje convivem com a alopecia. Em 2022, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) estimava que o país possuía uma população aproximada de 42 milhões de pessoas com a doença capilar, com um crescimento considerável entre jovens de 20 a 25 anos de idade. Já um levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), realizado também em 2022, aponta que as mulheres já correspondem a 40% dos pacientes em todo o mundo.

Ou seja: há um número cada vez maior de pessoas com calvície, e, surpreendentemente, com um crescimento elevado das estatísticas entre grupos considerados minoritários, para não dizer improváveis. Isso ajuda a explicar em parte o aumento de 152% no número de transplantes capilares em todo o mundo, somente entre 2010 e 2021. Mas também existe um fator importante para além da comunidade de pessoas com alopecia androgenética. Os tratamentos hoje são indiscutivelmente mais eficazes do que há 10 anos. Que dirá se comparado a 20, 30, 50 anos!

O que se havia antes eram tratamentos meramente paliativos, que apresentavam resultados bastante contestáveis, simplesmente porque eram absolutamente visíveis mesmo após o fim do procedimento. Os métodos que se adotam hoje nas grandes clínicas especializadas se aproximam bastante da densidade de raízes capilares que não sofrem de alopecia, tornando praticamente impossível distinguir um indivíduo que passou pelo transplante em relação aos demais que não necessitam desses cuidados.

É importante compreender, portanto, que o transplante proporciona efeitos que vão além da cultura de fios saudáveis de forma homogênea em toda a extensão do couro cabeludo. 

Razões de sobra para que qualquer pessoa com calvície considere as possibilidades conferidas pela própria ciência nos últimos anos. Vale a pena recorrer ao implante!
*Médica

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