Biometria do TRE

Mara Narciso - Médica e jornalista
05/03/2019 às 06:19.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:50

Vinhetas televisivas informam da necessidade de se fazer a biometria o quanto antes. Há uma exigência para o eleitor agendar por telefone ou no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), momento em que descobre que não será atendido no dia seguinte, e sim para daí a duas semanas. Precisa levar comprovante de residência, título de eleitor, carteira de identidade e, se for do sexo masculino e primeiro título, terá de levar o Certificado de Reservista ou a Dispensa do Serviço Militar.

Em Montes Claros, o TRE localiza-se na rua João Souto, em frente à 1ª Igreja Batista, ficando aberto das 12h às 18h. A biometria será executada até fevereiro do ano que vem. É natural que haja certa expectativa em quem vai se cadastrar no novo modelo, pois altera seu dia.

No primeiro mês, chegando-se uns 15 minutos antes, podem-se ver pelo menos umas 40 pessoas enfrentando temperaturas de 38ºC, debaixo do sol do meio-dia. Os eleitores, sem senha e do lado de fora, queimam. Muitos não agendaram o atendimento e disputam um lugar na fila. Após um tempo, quando o portão é aberto, entram ordeiramente, passando por um balcão de triagem do lado direito da porta, que, quando ultrapassada leva a um salão. É um lugar com cinco aparelhos de ar-condicionado, janelas de vidro transparente no alto, dois banheiros na lateral esquerda e, ao fundo, um bebedouro entre as duas portas, umas 40 a 50 cadeiras estofadas num pequeno auditório, 14 guichês em forma de u, com atendentes de boa cara. Há um painel para chamar as senhas de acordo com os três tipos de eleitor: A de agendado, N de normal e P de prioritário/idoso, deficiente, grávida e mulher com criança no colo.

O atendimento individual é demorado e consta de anotações dos dados dos documentos recebidos, da idade, estado civil, profissão, trabalho. Coleta-se a assinatura digital e se segue o clique para uma fotografia em fundo branco, e depois disso, os dez dedos são digitalizados. Pode ser necessário passar o scanner nos artelhos por várias vezes, até a máquina considerar a imagem coletada de boa qualidade. Os documentos são devolvidos, o eleitor é encaminhado a outro guichê para pegar seu novo documento: o título eleitoral com biometria. Caso seja solicitado, pode-se mudar o local de votação de acordo com o atual endereço.

Como fato curioso, no novo documento não tem fotografia. Questionada, a funcionária diz que a foto ficará à disposição do TRE para impedir que uma pessoa vote no lugar de outra. A identificação poderia ser feita apenas com o dedo polegar, mas todos os dedos são escaneados.

Em tudo, como carneirinhos em fila, os brasileiros, atualmente eleitores, entregam documentos, foto, assinatura e digitais sem saber para onde irão suas informações. Pode-se questionar a intenção de uma coleta tão detalhada, que a revelia do cidadão, alimenta um banco de dados. Para quê servirão?

Meia hora depois do atendimento antecipado, outro indício de superexposição: exigência de cancelamento, por e-mail, da marcação da biometria. Sem paranoia, não fosse pelo alto custo, um sangue para teste de DNA teria sido coletado para completar o arquivo. Gostando ou não, não se esquive, arquive-se

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