Estamos vivendo o encontro inédito de quatro gerações no mesmo ambiente de trabalho. O que resultará desse novo contexto dependerá da forma com que lidaremos com tamanho desafio. Pode ser uma panela de pressão, se o contexto não for bem orquestrado, mas também pode ser um caldeirão de diversidade, criatividade e inovação.
Analisando demograficamente, percebemos que a pirâmide etária de países relativamente jovens, como o Brasil, está invertendo. Em menos de três décadas, teremos uma população com mais idosos do que jovens. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), metade da força de trabalho até 2040 terá cinquenta anos ou mais. O envelhecimento da população e a maior expectativa e qualidade de vida desembocam no aumento da vida útil corporativa das pessoas e na necessidade de uma revisão nas estruturas organizacionais.
Aquela típica rigidez corporativa vai dando lugar à flexibilidade exigida pela modernidade líquida. Imagine juntar quatro gerações com diferentes bagagens culturais, sociais e econômicas? O encontro geracional pode não só afetar o clima corporativo, mas impactar na produtividade do time — e na consequente lucratividade da empresa.
Uma pesquisa realizada pela consultoria norte-americana VitalSmarts descobriu que um em cada três (35%) dos 1.348 executivos de companhias globais pesquisados, relatam que pelo menos cinco horas de trabalho semanais são desperdiçadas em razão da diferença de pensamento que envolve faixas etárias distintas. E, entre as causas mais comuns de conflitos existentes, de acordo com a Robert Half, estão o modo de aprender, o modelo de trabalho e a própria comunicação.
A chave para fazer dar certo não está na aceitação integral do que pensa e faz cada geração, mas sim na desconstrução dos estereótipos. As áreas responsáveis pela gestão de pessoas precisam construir uma cultura inclusiva, em que haja diálogo, respeito mútuo e intencionalidade de aprender com quem está ao redor, independentemente de idade ou cargo.
Só assim será possível extrair resultados positivos dessa problemática. Afinal, é a partir de novos olhares que surge a tão desejada inovação. Sua empresa tem ouvido esse chamado?
Fundadora e CEO da Sputinik