O pensamento segundo o qual a pessoa perde utilidade com o passar do tempo já é muito prejudicial à saúde mental. Especificamente entre as pessoas na terceira idade, a situação pode se agravar. Acontece que, neste período da vida, muitos idosos começam a ter sensações de incapacidade e inutilidade, e muitos acreditam já estar no “fim da vida”. Os pensamentos impossibilitam aproveitar a vida com mais qualidade e bem-estar nessa fase.
Os dados do IBGE apontam que um a cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos em 2060 e, mesmo hoje, a população idosa já é quase 33 milhões de pessoas. O número expressivo é um alerta, pois a terceira idade lidera o ranking da depressão. A última Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE apontou que a doença atinge cerca de 13% dos indivíduos entre 60 e 64 anos de idade.
Infelizmente, o que se percebe ainda é o despreparo do povo brasileiro para uma velhice saudável por evitar discutir a questão. Geralmente o foco se concentra em se discutir sobre perspectiva de vida e saúde para jovens e adultos.
O isolamento social, por exemplo, é um dos principais fatores de risco para a depressão pós-aposentadoria, porque, comumente, existem casos de abandono familiar. O levantamento do “Institute of Economics Affairs” (IEA), em 2013, revela que existem muitos riscos agravantes para a saúde mental entre quem deixou de exercer alguma atividade. A aposentadoria eleva em 40% as chances para desenvolvimento da depressão e, por isso, é de extrema importância que haja um planejamento financeiro e psicológico para essa etapa da vida.
Existem algumas práticas para os idosos exercerem, como novas ocupações, partindo do conceito de que todas elas se iniciam a partir do planejamento emocional. As tarefas de casa, mesmo que sejam mais simples e sem muito esforço, ajudam no processo. É válido também pensar no prazer cotidiano, introduzindo essa nova rotina. Ao transferir o foco, que antes era do trabalho para algo que se goste de fazer ou que se sinta realizado, a pessoa se sente útil e interage com novas pessoas.
O bom planejamento financeiro é outra maneira de se sentir bem após a aposentadoria, pois quando a pessoa consegue fazer planos e pensar que pode viver coisas diferentes nessa fase, a incidência de depressão cai consideravelmente. Então, é, sim, recomendável ter investimentos e negócios que completem a renda da aposentadoria para que se tenha uma tranquilidade maior. A prática de atividades físicas não é uma opção, e, sim, uma necessidade, desde que seja acompanhada por especialistas e feita de maneira consciente.
*Psicopedagoga, Phd em Neurociência e fundadora da Clínica Aprend