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Antes de juntar os trapinhos… junte os boletos

Gregório José*
Publicado em 07/07/2025 às 19:00.

Dizem que o amor é cego. Pois bem, o amor pode até não ver, mas a fatura do buffet chega em braile, libras e gritos — e chega, meu amigo, com juros compostos e decoração provençal.

Segundo a Serasa (essa entidade que parece mais presente na vida dos brasileiros do que o Espírito Santo), 54% dos casais sonham com um casamento de até R$ 40 mil. A intenção é linda, como toda intenção pré-nupcial. Só que 72,4% descobrem, já com o contrato da banda assinado, que entre o “sim” e o Pix do cerimonialista cabem mais emoções do que em final de novela mexicana. Resultado: a cerimônia que começou com flor do campo termina com cartão de crédito em campo minado.

E tem mais: 47% dos noivos apelam para a ajuda da família. Ou seja, o “pai da noiva” virou sócio-investidor do casamento. E não estamos falando só de pagar o salão. É pagar a luz da pista de LED, a cabine de fotos, o DJ que toca Ludmilla e Mozart sem pudor, e o “open bar emocional”, onde quem não chora de emoção, chora de boleto.

A boa notícia? 94% dos casais dizem que não se arrependem. Porque brasileiro, além de apaixonado, é otimista. Paga 85 mil na festa, entra no aluguel apertado, mas diz: “vale cada centavo”. É o famoso “felizes para sempre, até que o rotativo do cartão nos separe.”

Para evitar que a lua de mel vire lua de mico, a Serasa lançou uma cartilha com dicas práticas. Cartilha! Sim, cartilha! Porque agora, além de votos, os noivos têm que preencher checklist. Amor, tu me amas? Sim. Tens planilha? Ainda não. Ah, então vamos conversar...

A cartilha ensina que planejar é essencial, que casamento rima com orçamento (rimou com força), e que fazer dívida pra casar é como usar salto em terreno baldio: elegante até tropeçar. O guia recomenda conversar sobre dinheiro antes de dizer “sim”. O que é sábio, porque muita gente só descobre que o outro tem dívida ativa com a Receita no dia da partilha de bens — ou da conta do buffet.

E como um último carinho, a Serasa ensina cinco dicas para juntar os boletos sem perder o amor. São coisas como: colocar uma margem para imprevistos (como o irmão do noivo que resolve levar 3 acompanhantes), usar aplicativos de controle (que depois servem para rastrear o ex no Instagram), e jamais, em hipótese alguma, cair em golpes de fornecedores, porque além de tudo o amor não aceita chargeback.

Em resumo, casar ainda é um sonho. O problema é que, em muitos casos, o casamento é a única parte financiada do relacionamento. Que os noivos se amem, que sejam felizes, e que nunca deixem a parcela do buffet vencer no mesmo dia da do sofá da sala.

Que vivam os noivos! E que sobrevivam os cartões! 

*Jornalista/Radialista/Filósofo

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