A felicidade faz parte do trabalho

Renata Lemos*
27/04/2022 às 00:03.
Atualizado em 27/04/2022 às 09:26

“Trabalhe com o que ama e não precisará trabalhar um único dia em sua vida”. A famosa frase do filósofo chinês Confúcio, que viveu por volta de 500 a.C., hoje virou uma espécie de mantra entre empreendedores bem sucedidos e trabalhadores que buscam encontrar-se profissionalmente. Mas fazer o que ama seria o suficiente para encontrar a felicidade no trabalho?

Essa é a pergunta que muitas corporações vêm fazendo e, mais do que isso, investindo pesado para que seus colaboradores respondam positivamente. Trabalhadores felizes, dizem as pesquisas, têm melhor rendimento nas suas funções. Por outro lado, já existe um consenso, inclusive científico, de que a realização profissional não passa pelo tamanho do salário. Fosse assim, a felicidade seria apenas um número, e, portanto, mensurável.

O que é possível mensurar de fato é o impacto de um ambiente corporativo feliz: um estudo recente produzido pela Harvard Business Review indica que funcionários que se sentem realizados aumentam sua performance em 31% e sua eficiência em 85%. Isso nos permite concluir, ainda que com certa dose de sarcasmo, que o dinheiro não traz felicidade, mas a felicidade, sim, tem grande potencial de trazer dinheiro.

E isso é tão poderoso no universo do empreendedorismo que parte dos investimentos das empresas na felicidade dos colaboradores concentra-se na chamada certificação em CHO – a sigla inglesa de chief happiness officer, algo como “diretor de felicidade”. Ser um CHO significa ter treinamento profissional para desenvolver esse espírito de felicidade no ambiente corporativo, propondo ações que gerem satisfação e estímulo à produtividade.

Isso se torna um artigo ainda mais valioso a partir da pandemia, quando ocorre uma explosão de relatos e pesquisas em torno de pessoas com sentimentos de tristeza ou depressão, muitas vezes associados a crises de ansiedade. Ou seja, o trabalho tornou-se para muitos, inevitavelmente, um ambiente mais tóxico, mesmo em caso de trabalho remoto.

Essa realidade vai ainda ao encontro da posição de coliderança do Brasil nos rankings mundiais de ansiedade e de Síndrome de Burnout, que se relaciona à exaustão psicológica decorrente do trabalho. A concepção da felicidade no ambiente corporativo do país, portanto, é mais cara no sentido de necessitar de estratégias mais firmes para estimular suas equipes.

Mas é necessário que elas ocorram. Não tanto pelo retorno financeiro dos colaboradores, mas pela própria saúde mental que qualquer atividade laboral oferece. A felicidade não pode ser um objeto usado somente dentro de casa ou nos momentos de lazer, mas em todo o nosso cotidiano. O trabalho precisa ser visto como um motivo a mais para ser feliz. Por este lado, Confúcio estava mesmo certo.

*Consultora especialista em desenvolvimento de líderes e cultura organizacional
 

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