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Quinta-Feira,25 de Dezembro

APRENDENDO ETIQUETA

Por Wanderlino Arruda

Jornal O Norte
Publicado em 24/07/2014 às 22:51.Atualizado em 15/11/2021 às 16:54.

*Wanderlino Arruda

Confesso que sou leitor vidrado em regras de etiqueta. Não perco uma linha do que se fala de educação e do bem-viver social, de como tratar as pessoas, de como buscar uma convivência pacífica e polida com os nossos semelhantes, principalmente quando pelo menos um mínimo de elegância é exigido. Leio tudo. Seguir, obedecer às regras, fazer do bom trato uma linha de vida é difícil, exige muita observação e muito esforço, mas é sempre possível se a gente for incorporando à cultura pequenos e grandes conhecimentos nesse setor. Em verdade, cautela e cuidados sociais não fazem mal a ninguém. Claro que a educação ou a finesse em sociedade, e por sociedade entender-se todo o relacionamento humano em qualquer parte, merece vasta gama de obediências, uma forma natural de agir, o saber como, quando e onde tomar atitudes. É preciso saber quem convidar, presentear, receber, desculpar-se. É preciso saber vestir-se, dar festas, ir a festas, sair com colegas e pessoas amigas, ir à rua, a um restaurante, a um barzinho, a um lugar da moda.

Também é preciso saber conversar ou escrever um bilhete, uma carta ou simples recado sempre que isso for necessário, seja hora triste, seja hora alegre, nossas ou das criaturas com quem vivemos, de quem gostamos. É preciso saber o melhor comportamento no trabalho, nos encontros, nos esportes, em toda e qualquer oportunidade. Falando nestas coisas, lembro-me com saudades de uma experiência que tive em 1979 bem no século passado, no Rio de Janeiro, período em que ministrava um curso de Linguística para administradores do Banco do Brasil. Sempre que chegava do almoço, via no elevador, nos corredores e na entrada do auditório do Centro de Treinamento um vasto mundo de mulheres elegantes e bonitas, lindas-lindas, cada uma mais educada do que a outra. Num local em que a grande maioria era sempre de homens, aquela quantidade de belezas no mínimo parecia curioso, logo não tardando as explicações: estava sendo realizado ali um curso de etiqueta com uma professora da Socila, contratada pelo Banco para treinamento das secretárias de alta direção.

Era isso a razão do belo visual e de toda finura do trato. Reunião de alta importância, reunião de gente fina, o que é outra coisa. Time de primeira linha, mesma professora que treinava as equipes internacionais da Varig. Dispondo da metade do tempo, pois só lecionava pela manhã, por um caminhão de razões, não tive outro jeito senão pedir ao chefe Dalton, que por sua vez pediu à elegante professora, para que eu fosse aceito como ouvinte e fiel observador de todas as lições. Imagine, minha senhora, que situação! Um homem só no meio de quarenta mulheres mais do que civilizadas. Mesmo pegando o bonde já em meio de caminho, não houve alternativa, tive que aprender tudo ou quase tudo. É que nas discussões sobre o papel da mulher, nunca pude deixar de representar o papel do homem, estabelecer o contraste de posições. Por mais educação que houvesse, foi briga de nunca acabar: “machista chauvinista, representante da tradicional família mineira, bandido!” Foi um sucesso de aprendizagem. E como!

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