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Quarta-Feira,15 de Janeiro

Antevisão do caos

Jornal O Norte
Publicado em 01/01/2010 às 19:26.Atualizado em 15/11/2021 às 06:15.

Waldyr Senna Batista



O que se viu no centro da cidade nos últimos dias não serve de base para a avaliação do trânsito. Mas trata-se de antevisão do que está reservado a Montes Claros, em futuro não muito distante, se não forem adotadas medidas extremas para desafogar o sistema. Sem a criação de novos e amplos espaços, tudo não passará de remendo.



Nessa quadra natalina, parece que todos os proprietários de veículos tiraram os carros da garagem e partiram para as compras. Foi um Deus nos acuda: pátios de shoppings  abarrotados, estacionamentos privativos lotados, vagas nas ruas ocupadas em cem por cento até em locais proibidos e pistas de circulação impraticáveis.



Uma loucura total, agravada pelo isolamento do miolo do centro nervoso com o propósito de facilitar a vida dos pedestres, não se  sabendo se esse objetivo foi de fato alcançado ou se serviu para complicar mais. Os motoristas, não encontrando espaços, obrigaram-se a largar os veículos longe das lojas. Ao final, entre topadas e empurrões, salvaram-se todos, e o Natal produziu seus efeitos mercadológicos. Os proprietários de lojas não tiveram do que se queixar.



Mas ficou comprovado que o problema do trânsito na cidade se aproxima do caos total. Para amenizar os transtornos, amplificados pelo lufa-lufa natalino, medidas paliativas como essa de isolamento da área central de pouco adiantam. Assim como a nada leva a implantação de obstáculos de cimento dividindo pistas de rolamento por natureza estreitas, como se tem visto em alguns pontos.



E novas experiências vêm sendo anunciadas pela prefeitura. Uma delas, a transformação da rua Cel. Joaquim Costa e da avenida Cel. Prates em corredores, nos quais seria concentrado o tráfego de auto-lotações. Na primeira, seria feita desapropriação de imóveis para completar o alargamento iniciado há precisos cinquenta anos, medida que, nem se efetivada de imediato, teria o efeito miraculoso de proporcionar maior fluidez ao trânsito. Trata-se de um quarteirão apenas.



São mexidas experimentais iguais a tantas outras adotadas no passado, remoto e recente, cujo efeito é apenas transferir o congestionamento crônico de um ponto para outro, sem produzir o alívio almejado. Não parece ser coisa de especialista, mas de curiosos bem intencionados que se revezam no mister de mudar mão de direção de algumas ruas e de instalar semáforos a cada esquina para ver no que vai dar. Até agora, têm dado em mais complicações.



Essas medidas pontuais não parecem compor plano global, se é que já existe algum. Não seria, por exemplo, parte do projeto que há quase um ano a prefeitura encomendou para reformulação do sistema de trânsito da cidade. Se é, não devia estar sendo anunciado em fatias, sem que se tenha visão geral do que está sendo preconizado por técnicos tidos como os melhores do Brasil. Deles se espera intervenção em profundidade, e não medidas paliativas, que apenas disfarçam o drama.



Um ano já se passou, e as festas de Natal/ano-novo mostraram que o nó-cego se agravou. Que a visão antecipada da catástrofe anunciada tenha servido ao menos para mostrar a necessidade de apressar as propostas definitivas para a solução do problema.



Apesar de tudo,



Feliz 2010!

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