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Terça-Feira,23 de Dezembro

Anchieta, o novo santo

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 08/04/2014 às 08:26.Atualizado em 15/11/2021 às 16:48.

*Manoel Hygino

Um santo brasileiro nascido em San Cristobal de La Laguna, ilha de Tenerife, nas Canárias, território da Espanha, em 19 de março de 1534, chamou-se José de Anchieta. Aos 14 anos, com o irmão mais velho, transferiu-se a Coimbra para estudar com os dominicanos. Em 1550, ingressou na Companhia de Jesus e, no ano seguinte, foi recebido como noviço. Na frota de Duarte da Costa, segundo governador-geral do Brasil, aqui desembarcou. Desde 3 de abril de 2014, já beato, se tornou santo sem precisar de comprovação de milagres.

Lamentavelmente, não está mais entre nós o professor Waldemar Tavares Pais, um dos vultos mais ilustres de nosso magistério, fervoroso defensor da causa de canonização, que escreveu bem fundamentado estudo sobre o tema. O professor Waldemar era pai dos jornalistas Marcelo Coimbra Tavares e de Sérvulo, secretário de D. Sarah. Dentre os irmãos também, o compositor Rômulo Pais, nome de expressão na música popular.  

A propósito, lembro que, em 2011, publiquei um livro com o título “A peste branca: A pneumologia e tisiologia”, em que faço referência aos religiosos que vieram para o Brasil no primeiro século do descobrimento. Registro que, Nóbrega, por exemplo, já chegou tísico, com extensa lesão pulmonar, abundante expectoração e frequentes hemoptises, disseminando o bacilo entre os índios.

Anchieta, ainda rapazinho, veio tratar de tísica óssea, o Mal de Pott, ou seja, de uma cifose resultante de osteíte tuberculosa da coluna vertebral. Foi um princípio muito difícil para os sacerdotes que desciam das naus, procurando conquistar as almas do gentio, mas também clima saudável e quente, que pudesse restabelecer-lhes a saúde abalada. É outra face pouco conhecida da vida de Anchieta, o apóstolo do Brasil, sobre quem a acadêmica Elizabeth Rennó fará conferência na Universidade Livre da Academia Mineira de Letras, dia 10.  

É fora de dúvida que o encontro dos europeus com a terra descoberta causou choque e muitas consequências. Os colonizadores trouxeram consigo doenças e enfermidades, males novos. A despeito da imunidade natural dos índios, mudaram-se os costumes e cuidados. Para Licurgo Santos Filho, a tuberculose não foi senão outra consequência má da chegada dos brancos, agravada pelo quinhão trazido da África. A tuberculose se transformou em flagelo nos núcleos populosos da Colônia.

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