Antônio Augusto Souto
Agora, eu creio
que uma mulher,
de algum lugar,
me olha.
Ela, que tantas vezes
fez o que pôde,
para me ensinar a crer
e não conseguiu,
por minha culpa,
máxima culpa.
Agora, eu quero crer,
inclusive que ela,
de algum lugar,
percebe que respiro,
que o sangue que é o dela
circula pelo labirinto
de minhas veias e artérias,
sustentando vida,
sobrevida...
À noite,
vou à janela,
pensando nela;
olho uma estrela,
querendo vê-la,
em vão,
que a mulher
que me olha
é apenas saudade,
está na alma,
no coração.