Aeroclube Flamarion Wanderley

Jornal O Norte
Publicado em 15/07/2010 às 09:51.Atualizado em 15/11/2021 às 06:33.

João Carlos de Queiroz


Jornalista


jcqueiroz1@bol.com.br



Dias atrás, quando estive em Montes Claros (resido em Cuiabá-MT), passei pelo aeroporto local e pude então recordar a grande luta que empreendi, com a ajuda dos amigos Humberto Velloso Reis e Anísio Ramos Borges, para reativar e estruturar o Aeroclube de Montes Claros, rebatizado como Aeroclube Flammarion Wanderley. Nada daquilo teria sido possível, faço questão de frisar, se não fosse o apoio decisivo do empresário Walduck Wanderley, há anos em outra esfera de vida.



Infelizmente, por conta de interesses que desconheço, meu nome e o grandioso trabalho realizado para reativar e disponibilizar uma excelente estrutura dessa entidade aviatória a Montes Claros sequer constam do site e registros festivos que a atual diretoria do aeroclube protagoniza. Um deles foi para inaugurar o acesso do hangar (que construí) ao pátio de estacionamento... Se o objetivo de um ato tão indelicado é decapitar a história, minha história, porque fiz história ao retirar o aeroclube da sepultura, isso é totalmente inútil.



Explico: estou em fase de publicar um livro, obra que retratará, item por item, a longa trajetória que cumpri em prol de Montes Claros, dos abnegados pela aviação e de todos os seus habitantes, enfim. Tenho farto registro de imprensa que prova meu esforçado trabalho, durante anos e anos, pela reativação do Aeroclube de Montes Claros. Em resumo, as visíveis mostras de egoísmo de alguns não têm qualquer valia perante isso, pois o passado de luta pelo aeroclube não se apaga. Não quando há vencedores, conquistas. Uma delas foi a chegada do sonhado Cessna 150 ao Aeroporto Mário Ribeiro, em 1984. Ninguém consegue apagar, então, a luta de terceiros, por maior que seja o empenho, a tenacidade para exterminar a luta de antecessores no cargo.



Deixo ainda destacado que jamais quis desmerecer os méritos dos desbravadores da aviação norte-mineira, fundadores do aeroclube nos idos dos anos 40. São os bravos aviadores Nathércio França, Flammarion Wanderley, Antônio Lafetá Rebello, Mário Magno Cardoso, entre outros. São esses pioneiros os responsáveis pela fundação do Aeroclube de Montes Claros. Eu, João Carlos de Queiroz, reativei a entidade em 84, a partir do livro de atas decrépito, cheio de mofo, que resgatei depois de pesquisar onde poderia estar.



Porém, se não fosse o apoio inestimável do empresário Walduck Wanderley, minha empreitada e dos amigos que me auxiliaram não seria coroada de êxito, como foi. Só pra relembrar àqueles que, vez ou outra, tentam podar meu trabalho, privilegiando honrarias a quem nada fez pelo aeroclube, ou fez pouco, seguem alguns exemplos: a) de posse do livro de atas, fui ao Rio de Janeiro, após realizar nova assembleia geral (reativação da entidade e eleição da nova diretoria), regularizando toda a documentação junto à Junta Comercial e ao Serac-3; b) também retornei ao Rio de Janeiro para regularizar a doação do Cessna 150 BKT ao aeroclube, feita por Walduck Wanderley; c) homologuei os cursos prático e téorico, bem como diversos departamentos operacionais da entidade (aeromodelismo, voo a vela, paraquedismo, ultraleve etc.); d) construí o hangar do aeroclube, ainda hoje utilizado, depois de travar batalha contra um ex-superintendente da Infraero que tentava boicotar a empreitada; e) homologuei um médico para fazer o CCF nos


alunos, e consegui no Sesc sala para as aulas teóricas; f) montei escritório do aeroclube no Centro de Montes Claros, com funcionários permanentes; g) sugeri, pela imprensa (tenho recortes de jornais), que Montes Claros também tivesse uma avenida com o nome do aviador e pioneiro na área, Flammarion Wanderley, como forma de homenagear figura tão ilustre; h) ainda trouxe, via Walduck, um ultraleve Tierra II, que se acidentou no primeiro voo. Walduck o recolheu e preferiu não enviá-lo novamente ao aeroclube.



Devo recordar que o aeroclube só foi reativado porque encabecei ampla campanha na imprensa local e nos jornais de Belo Horizonte. Tenho os exemplares disponíveis, se algum crédulo quiser... Presidi o aeroclube com honestidade, até quitando salários dos funcionários com meus humildes proventos de jornalista, quando o aeroclube ainda não estava oficialmente autorizado a operar aulas práticas. Logo depois, já residindo em Cuiabá, fundei o Aeroclube de Várzea Grande, trajetória idêntica à traçada em Montes Claros. Pelo menos no site dessa entidade meu trabalho é reconhecido (acessar www.aerovag.com.br, clicando em O Aeroclube e na foto, onde apareço com o então senador Júlio Campos, responsável pela liberação do monomotor argentino Aero Boero 115 à entidade).



O presente desabafo acontece em função também de um amigo montes-clarense, Hilton Gastão Bento, pai de um formando do Aeroclube Flammarion Wanderley, ter ficado indignado durante uma recente solenidade realizada pela escola civil de pilotos. Mais uma vez, podaram meu nome dos que colaboraram com o aeroclube. É ingratidão, é absurdo, é indelicadeza, sim! Se eu estivesse na diretoria, teria vergonha de fazer isso.



Para os muitos amigos revoltados com tamanha omissão, Américo Martins Filho, Adão Tarcísio de Castro e outros que se indignaram, a exemplo de Gastão, adianto que está em fase conclusiva de impressão o mencionado livro sobre a história desses dois aeroclubes, o de Montes Claros, que reativei e estruturei, e o de Várzea Grande (Mato Grosso), que fundei e também presidi, deixando aos sucessores uma excelente estrutura. Aliás, cabe ao comandante Vargas, atual presidente do Aeroclube de Várzea Grande, meus parabéns pelo lindo trabalho que realiza na entidade. Com orgulho e alegria, muitos pilotos de grandes companhias aéreas brasileiras, formados pelo aeroclube mato-grossense, voam hoje pelos céus tupiniquins e do mundo...



Alguém dirá, após ler meu futuro livro, textos prontos e fotos em fase de montagem: “Por que nunca disseram que ele, João Carlos de Queiroz, é o maior responsável pela reativação do Aeroclube de Montes Claros?” A resposta pode estar em duas palavras: ciúme, inveja. Há pessoas que se sentem incomodadas quando outros brilham nos palcos em que elas desejam ser as únicas presenças destacadas...

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