Açude Berizal: A força do voto sustentável

Jornal O Norte
Publicado em 29/07/2008 às 23:24.Atualizado em 15/11/2021 às 07:39.

George Fernando Lucílio de Brito


Presidente da Agro NM - Associação dos engenheiros agrônomos do Norte de Minas


contato@agronm.org



São raros os momentos em que regiões menos assistidas do país, em termos de infra-estrutura, têm chance ou motivo para comemorar. São raros os investimentos governamentais destinados a regiões carentes que, embora em uso há pouco tempo, ficam a mercê da ajuda financeira vinda através de bolsas famigeradas. São raras as oportunidades de, através do voto, se conseguir que recursos federais sejam aplicados em regiões que por si só se identificam como carentes.



Foi demasiadamente diferente o que se assistiu na última reunião do Copam Regional Norte de Minas ou Supram-NM, realizada no dia 24 deste mês, na cidade de Buritizeiro.



Através de um íntegro conselho, o Dnocs - Departamento nacional de combate às secas, conseguiu a aprovação da licença prévia para a construção, ou a continuidade da construção, do Açude Público de Berizal.



Localizado no rio Pardo, nos limites dos municípios de Berizal e Taiobeiras, a barragem de Berizal vai acumular cerca de 300 milhões de metros cúbicos, formando um lago de aproximadamente 3,6 mil hectares que irá beneficiar diretamente os municípios de Taiobeiras, Berizal, São João do Paraíso, Rio Pardo de Minas e Indaiabira.



O bom senso imperou nas discussões e na conclusão dos membros daquele colegiado que souberam discernir entre o crescimento a qualquer custo e o desenvolvimento sustentável defendido pelo Dnocs na proposição aprovada. Souberam, com desenvoltura pouco igualável, impor limites para se conseguir defender os interesses de toda uma região em busca da redução da desigualdade social que impera, sem perder a sensibilidade requerida para garantia da sustentabilidade ambiental.



Com isto, o empreendedor, inundado de experiências pelos inúmeros açudes construídos na imensidão do semi-árido brasileiro, irá cumprir as condicionantes impostas e, dentro de algum tempo, se terá as licenças de instalação e de operação necessárias para que tão indispensável obra cumpra sua finalidade de perenizar o rio Pardo.



Havendo disponibilidade de água e viabilidades social, econômica e técnica, tão logo poderão ser submetidas ao supremo conselho pelos respectivos empreendedores, as propostas de licenciamento para abastecimento de água e irrigação – se for ocaso –, atividades que promoverão substancial modificação na matriz socioeconômica da população da região, a exemplo do testemunho inconteste dos municípios de Janaúba, Porteirinha e Nova Porteirinha que receberam, no final da década de setenta, a barragem do Bico da Pedra que, coincidência ou não, foi iniciada pelo mesmo Dnocs.



A Associação dos engenheiros agrônomos do Norte de Minas/Agro NM, membro efetivo deste conselho da Ssupram-NM, assumiu um papel de inquestionável relevância juntamente com os demais conselheiros na aprovação desta licença prévia, uma vez que tal fato garantirá a aplicação imediata de recursos governamentais do PAC- Plano de aceleração de crescimento previstas para o Norte de Minas, garantindo também de forma imediata a abertura de dezenas de postos de trabalho com a retomada das obras do açude.



A região sempre careceu de decisões sensatas para nortear seu desenvolvimento de médio e longo prazos, se pautando sempre em ações localizadas, distantes de serem consideradas medidas estruturantes e perenes capazes de garantir infra-estrutura básica para a produção sustentável.



Com esta decisão da Supram-NM, ganha o Dnocs pelo cumprimento de sua finalidade; ganha a soberania deste distinto conselho; e ganha toda uma região carente de quase tudo. E, carente não porque a população quer assim...

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