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Sexta-Feira,18 de Outubro

A volta da Ditadura, por Wilson Silveira Lopes

Jornal O Norte
27/04/2007 às 11:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:03

Gostei do desabafo do cidadão Danilo Braga Araújo. O país está precisando de ordem! As suas colocações chamaram a minha atenção, quando ele disse:





"Tenho rezado todos os dias para que estas crises entre governo e militares geradas pelo caos do trafego aéreo do país, cheguem a níveis incontornáveis e que os Militares tomem o poder das mãos da grande e articulada quadrilha composta pelos políticos de todos os níveis do nosso país."





Pois bem. A propósito disso, em artigo  do professor Oliveiros S. Ferreira publicado pela Pensar e Repensar sob o título O grande  motim... a vir e republicado pelo Mídia Sem Máscara em 14 de abril de 2007, gostaríamos de transcrever alguns pontos do artigo que de forma bem coincidente parece indicar que o país pode tomar o caminho desejado pelo nosso articulista, senão vejamos:





"Não serão muitos os que darão a devida importância ao fato de o Poder de Estado haver cedido ao motim dos sargentos da FAB que controlam o espaço aéreo. Haverá outros, bem menos que os primeiros, que se lembrarão de que o motim aconteceu na noite de 30 para 31 de março, exatos 43 anos depois que o General Luis Carlos Guedes sublevou a guarnição de Belo Horizonte, e poucas horas depois o General Olímpio Mourão Filho iniciou sua marcha para o Rio de Janeiro. Esses poucos dirão que os sargentos comemoraram, a seu modo, o aniversário da "Contra-Revolução de 1964". A coincidência das datas - inclusive das horas - permite essa interpretação dramática."





Além dessa coincidência no tempo e hora alguns outros fatos do artigo recomendam entender que o governo atual, assim como o governo de João Goulart nos idos de 1964, também foi pusilânime diante dos amotinados de então:   "Na Semana Santa (março daquele ano) marinheiros e fuzileiros navais se sublevam em seus navios e em terra. Pelo menos de uma belonave, Oficiais foram jogados no mar. Em seguida, os amotinados se reuniram no Sindicato dos Metalúrgicos, realizando tumultuada assembléia em que o orador mais ardoroso foi um marujo (depois conhecido como cabo) chamado Anselmo. O ministro da Marinha mandou um destacamento de fuzileiros navais para prender os revoltosos. Os fuzileiros aderiram aos que estavam no sindicato. Foi preciso que o Exército enviasse tropa para que o motim terminasse. Os marinheiros e fuzileiros foram recolhidos presos a um quartel do Exército e na mesma tarde anistiados pelo Presidente João Goulart.





O Exército, parte do Poder de Estado, reagiu, prendendo os amotinados. A anistia, violentando dispositivos constitucionais, veio simplesmente consagrar a fraqueza da Presidência da República, que cedia aos amotinados em nome da concórdia nacional. No dia 30 de março, o presidente João Goulart fez um discurso no Automóvel Clube para sargentos e praças, quebrando a hierarquia e a disciplina. Naquela noite, o General Guedes, apoiado no governo de Minas Gerais, levantou-se; horas depois, após alguma hesitação, o General Mourão Filho assumiu o comando da sublevação."


No motim atual, segundo o articulista, também houve quebra de hierarquia, anistia e desautorização do Ministro da Defesa e humilhação do Comandante da FAB tanto pelos amotinados, quanto pelo Presidente Lula: 





O comandante da FAB decide prender os amotinados e é impedido. O presidente da República, em vôo para os Estados Unidos, decide que nada se faça contra eles e que o governo deve negociar. Os sargentos se recusam a negociar com o comandante da FAB, reclamando a presença da ministra Dilma. Ela se encontra no Rio Grande do Sul; o Presidente determina que o ministro do Planejamento e o secretário-geral da Presidência negociem.





Eles não negociam - aceitam as exigências dos amotinados. O ministro do Planejamento justifica sua presença na negociação, dizendo que se o ministro da Defesa e o comandante da FAB fossem negociar, teriam de tomar posição diferente da que adotou.





O pano cai sobre Brasília, isto é, sobre o poder de estado. O ministro da Defesa, jogado às urtigas pelo Presidente, não renuncia. O comandante da FAB, humilhado pelos amotinados e pelo Presidente, teria pensado em renunciar, mas depois pensou melhor e não apresentou sua demissão. A FAB, por seu comando, deixou claro que não quer mais assumir o controle do espaço aéreo. Que os civis cuidem disso, no Ministério da Defesa. É como se dissesse, lembrando as vezes em que pediu providências e não foi atendido: "Quem pariu Mateus, que o embale". Uma coisa não ficou clara, se de fato houver uma creche para o ministro Pires tomar conta: quem controlará o espaço aéreo, quando se tratar de vôos militares?





Em síntese, o articulista afirma:                        


" Aumentam-se os salários dos sargentos controladores, mas se mantêm os salários dos sargentos que militam nos quartéis e são os responsáveis primeiros pela disciplina da tropa. O grande motim seguir-se-á a essa situação de desconforto."





Ao que parece o desejo do Danilo de ver a ditadura ou a ditabranda de volta está... por um fio!

Wilson Silveira Lopes é advogado

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