Eduardo Costa
Agora ex-governador, o professor Antonio Augusto Anastasia deve sofrer com o fato de que não conseguiu grandes realizações em determinados setores. No caso da segurança pública, admitiu, ao sair, que a Polícia Militar está enxugando gelo. Mas, se tem um servidor que será eternamente grato a ele é o defensor público. O governador promoveu uma verdadeira revolução na carreira, com reflexos que vão repercutir, em médio e longo prazo, no atendimento aos pobres que precisam de advogado e não podem pagar.
Quando Anastasia assumiu, o salário de um defensor era pouco mais de R$ 4 mil por mês. E havia a ameaça de extinção da classe, por conta dos pedidos de exoneração. Tanto que dois concursos foram feitos e, ainda assim, o número de defensores não passa da metade do previsto em lei, isto é, o já autorizado, o mínimo para cumprir a missão. O quadro era tão grave que Eduardo Cavaliere – o presidente da Associação dos Defensores Públicos de Minas – lembra que, em 2009, havia uma exoneração a pedido de 12 em 12 dias.
Ou seja, o cidadão já fazia o concurso pensando em outro emprego e, assim que obtinha aprovação na prova de promotor ou juiz, deixava a Defensoria Pública. Agora, com nova lei já aprovada na Assembleia Legislativa e que só carece da assinatura de Alberto Pinto Coelho, sucessor de Anastasia, o inicial de um defensor passará, em junho, para R$ 16.022, e, em janeiro do ano que vem, para R$ 23.940,00.
Não é nenhuma fortuna, tanto que os promotores e juízes já recebem perto de R$ 23 mil no começo da carreira e continuarão com salário 20 pelo menos por cento maior em 2015. Outra informação importante: com o reajuste, os defensores de Minas passam do 11º para o décimo lugar na ordem de melhores salários da categoria em todo o país. Ainda à frente de nosso Estado, profissionais de Alagoas (R$ 18 mil), Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Tocantins (salário superior a R$ 22 mil).
Claro que outros servidores vão reclamar. Os delegados de polícia já fizeram um calendário de paralisações para exigir isonomia. É da democracia. Mas, quando vejo um defensor bem pago, fico animado com nosso futuro porque não há dor maior que conversar com alguém que se sente lesado e não tem como lutar por seus direitos. Com a melhoria na carreira, os que têm vocação poderão se dedicar inteiramente à profissão, em tempo integral e com atenção, carinho redobrado para os humildes.
Agora, a luta deve ser por mais concurso, ampliação do quadro, de sorte que haja pelo menos um defensor em cada cidade mineira. Ou será que é pedir muito?
Precisamos de gente bem informada, temos sede de Justiça. Então, como aceitar que para 853 municípios são pouco mais de 500 defensores?