Manoel Hygino
Maconha está na moda. Criou-se o mito de sua magia, de solução para todos os problemas. Enquanto as polícias se esforçam no combate ao ameaçador consumo, que pode ser letal ao usuário e enriquecendo os que menos aparecem nos BOs, exalta-se o poder da droga. Os incautos se deixam envolver e pagam caro, às vezes com a própria vida, pelo equívoco.
Com a iniciativa do Uruguai de permitir cultivo e industrialização da erva, dentro de normas estabelecidas, o distinto público brasileiro entrou em alvoroço. Mas não é como se pensa. Uruguai é uma coisa, Paraguai outra. Este só nos vende seu produto, por vias ilegais e criminosas.
Outra ideia falsa é relativa à importação dos medicamentos à base de canabidiol, uma das substâncias químicas da maconha, que ajuda a diminuir os sintomas de certas doenças. A Anvisa esclarece que os pacientes que necessitarem do medicamento podem pedir liberação para uso pessoal junto à agência, por recomendação médica. Mas é remédio, não para satisfazer viciados.
A quem interessar possa: o governo uruguaio iniciou o cadastro para os usuários que querem plantar a própria maconha para fumar. O cultivo da cannabis também é válido para estrangeiros com residência permanente no país.
Um con-terrâneo do grande Artigas, o herói da independência, afirma que o processo de autorização é fácil, bastando levar documentos de identificação e comprovante de endereço aos correios.
O assunto exige meditação e amadurecimento, mas também posicionamentos, porque multidões enveredam pelos caminhos quase sempre irretornáveis da degradação e da morte.
A própria sociedade sabe, tanto que recente pesquisa realizada pelo Ibope mostra que 79% da população é contra a legalização do uso da erva, quase mesmo índice de redução da maioridade penal – apoiada por 80% da população.
Osmar Terra, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, estado em que foi secretário da Saúde, considera “a epidemia das drogas o maior problema de saúde pública e de segurança do país. Liberada, aumentará a dependência química, uma doença cerebral incurável. Com o aumento dos transtornos mentais virão os problemas sociais, de segurança, saúde e a destruição de milhões de famílias quando um de seus membros se torna dependente. “Quem tem um caso assim na família sabe do que falo”.
Para ele, é ingênuo o argumento de que, legalizada a maconha, cairá a violência gerada pelas drogas. Para esse médico, autoridade no assunto, os impulsos causados pela droga no cérebro estão entre as maiores consequências, pois diminui o controle do indivíduo. Para ele, também a maconha é letal, com risco muito maior de complicações pulmonares e câncer do que o tabaco. Desencadeia transtornos como a esquizofrenia e está associado ao crack e cocaína em dois milhões de usuários e acidentes fatais.
Acontece mais: de 2009 até agosto, o governo já gastou mais de R$ 206 milhões com auxílio-doença para viciados em todo o Brasil. Isto é: continuamos pagando pelos vícios alheios e cobrindo de nosso bolso os prejuízos causados pelos traficantes e seus patrões.