A sexualidade na terceira idade

Jornal O Norte
Publicado em 11/08/2010 às 11:18.Atualizado em 15/11/2021 às 06:35.

Felippe Prates


Colaboração para O NORTE



O doutor Jairo Bouer é um médico muito conhecido por seu trabalho na mídia, sobretudo na TV, veículo em que frequentemente trata de questões relacionadas à sexualidade, sempre com muita franqueza, usando uma abordagem que permite a compreensão do assunto sem gerar resistências.  Essa habilidade foi comprovada no Encontro de Aposentados da Vale em Vitória, ocasião em que o público se mostrou muito interessado e participou ativamente da palestra.  Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP, o tema do encontro foi a sexualidade na idade madura.



Segundo doutor Jairo, a sexualidade é parte importante na vida de todos nós, independentemente da fase em que estamos.  No caso da Terceira Idade, uma vida sexual ativa pode ser fator de equilíbrio físico e emocional, trazendo maior sensação de bem-estar e melhor saúde.  As dificuldades naturais enfrentadas no sexo para aqueles que já têm uma idade avançada, como ressecamento vaginal e diminuição da libido, nas mulheres e dificuldades de ereção para os homens, são consideradas os maiores tabus referentes à questão.  Como o desempenho sexual, a performance, é diferente de outras fases da vida, importa perceber que para muitas dessas dificuldades já existem tratamentos facilitadores e medicamentos.



O surgimento de medicamentos para a disfunção erétil trouxe para o público um impacto tremendo, lembrando a chegada da pílula anticoncepcional nos anos 50, ensejando uma verdadeira revolução na vida sexual dos homens.  Hoje, esses remédios garantem vida sexual mais fácil e mais prolongada para os mais velhos.  É preciso checar a decisão dos que decidiram deixar a vida sexual ativa, mas, tratando-se de decisão pessoal, deve ser respeitada e se a pessoa se sente bem com  tal postura, tudo ótimo e vida que segue.  Mas, muitas vezes tal decisão foi adotada com base em medos, inseguranças, incertezas, desconhecimentos e antigas dificuldades com a sexualidade que, graças ao constante progresso da ciência, modernamente são minimizados e até eliminados com tratamentos adequados e medicamentos.  Não há problema em não querer fazer mais sexo, desde que seja uma decisão madura e consciente, embasada na lucidez, no livre arbítrio e não plantada em situações como as descritas acima.



Com os novos relacionamentos que surgem após uma separação ou a morte de um parceiro de longa data, os mais velhos costumam buscar novos parceiros, expondo-se às DSTs, Doenças Sexualmente Transmissíveis, incluida a AIDS, uma doença ainda incurável e mortal.  Por isso, o uso de preservativo é mais do que importante, tornando-se indispensável.  Quanto à vida sexual, os idosos devem verificar como está a sua saúde em geral, já que problemas como diabetes e hipertensão podem prejudicá-los.  Usar camisinha no caso de parceiros novos e consultar um médico antes de consumir medicamentos facilitadores de ereção, são alguns dos cuidados considerados indispensáveis.



Uma dificuldade que surge quase sempre, se relaciona à família do idoso, que por desamor ou ignorância lhe negligencia apoio.  Aos poucos a família precisa e tem que entender que a vida sexual existe durante toda a vida e, se um dos seus membros na Terceira Idade começa um novo relacionamento, a família deve apoiar, respeitar e conviver com essa nova situação.  Todos nós conheceremos a velhice e é natural e saudável que mantenhamos a nossa vida sexual enquanto vivermos, uma decisão pessoal, racional, legítima e que será exclusivamente nossa.



A sexualidade, equivocadamente, está associada apenas ao ato sexual em si.  Mas, esse conceito tem uma abrangência muito mais ampla e dura por toda vida.  A sexualidade sadia só é verdadeira quando envolve afetos, relacionamentos, parceria, projetos e objetivo de vida.  O ato sexual entre homens e mulheres, em qualquer idade, não perdura quando é apenasmente circunscrito a um fim em si mesmo.  Pois, ideal e civilizadamente, só é desejável, gratificante e duradouro quando acontece fruto da culminância de sentimentos nobres, alguns deles acima elencados.



Para que as pessoas da Terceira Idade tenham uma vida sexual normal e ativa é preciso que desconheçam preconceitos e padrões falsamente adotados como universais, tais como corpo perfeito, performance fantástica, ereção duradoura, orgasmos múltiplos, etc.  Isso vale na juventude, quando tantas inseguranças e pressões externas atrapalham a cabeça do jovem, mas não vigora nem é verdadeiro para toda a vida.



Por tudo isso, o que realmente importa, é que mulheres e homens na Terceira Idade esqueçam essa história toda e aprendam a curtir o prazer enquanto viverem.


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