A roupa certa pra ficar doente

Por Patricia Gomes

Jornal O Norte
Publicado em 21/06/2013 às 09:51.Atualizado em 15/11/2021 às 17:05.

Por Patricia Gomes


Você já reparou que a gente só passa mal quando está malvestido? Nunca alguém elegante foi parar no hospital. Ou quase isso. Vou te dar um exemplo.

Ela foi a um restaurante chique. Estava com o marido. Era aniversário de casamento e os dois, felizes, comemoravam. Usava um vestido bonito, tinha o cabelo arrumado, o rosto maquiado, sapatos de salto alto. A cara da riqueza! Mas, alguma coisa não caiu bem. Você acha que ela passou mal ali, daquele jeito? Jamais!

Eles foram para casa. Ela tirou o vestido bonito, prendeu o cabelo que estava arrumado, limpou toda a maquiagem, dispensou os sapatos de salto alto. Contentou-se com uma camisola simples, meio velha, daquelas que todo homem odeia e toda mulher adora. Pois, no meio da madrugada, lá pelas quatro da manhã, ela começa a passar mal. Passa muito mal! Passa tão mal que precisa ir para o hospital. É uma urgência, uma emergência, um desespero! Socorro!!!

Ela se levanta, acorda o marido e os dois resolvem procurar ajuda médica. Ela (pasme!) nem tira a camisola (aquela que os homens odeiam!!!) calça chinelos, veste uma calça de moletom e está pronta! A calça de moletom é um detalhe à parte. Eu posso falar dela, porque minha própria mãe (que diga-se de passagem, é uma mulher muito elegante) não vive sem uma por perto. Ela é confortável, quentinha, quase um carinho. Mas, bonita nunca foi...

Bem, ela vai de pijama para o hospital. Chega lá se contorcendo de dor, arrastando as Havaianas no chão e com o cabelo daquele jeito! Ao entrar na sala de espera... Adivinha! Ela encontra aquela mulher, pseudo-amiga do marido, que ela desconfia que tem uma quedinha por ele. Claro que a menina está toda arrumadinha! Ela está acompanhando um paciente, não entra na categoria doentes mulambentos. “Oi, tudo bem?” “Tudo.” “Nossa! O que você tem? Tá com uma cara péssima!” Imagina alguém chegando ao hospital, sentindo tanta dor que parece pagar pelos pecados de toda a humanidade. Dá pra ter cara boa? Ela se recusa a responder à suposta rival, aperta a mão do marido com firmeza e segue andando sem dar a ele a opção de parar para conversar com a tal amiguinha.

“É um desaforo!”, pensa alto. O marido pergunta “O quê? Achou desaforo ela falar com você?” “Não. Desaforo é ela toda arrumadinha enquanto eu tô esse bagaço!” Na próxima vez, decretou, vai de camisola para o jantar e salto alto para o hospital.

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