A realidade da vida em condomínio mostra que em sua maioria o síndico não tem apoio dos demais condôminos, que de maneira estranha ignoram a importância da união para melhorar o ambiente onde moram ou trabalham
Kênio Pereira
*Kênio Pereira
A realidade da vida em condomínio mostra que em sua maioria o síndico não tem apoio dos demais condôminos, que de maneira estranha ignoram a importância da união para melhorar o ambiente onde moram ou trabalham.
Exercer o cargo de síndico não é fácil, sendo desestimulante assumir esse desafio diante dos atos de sabotagem de alguns. Há síndicos que permanecem anos e anos porque ninguém tem a coragem de se candidatar, especialmente nos condomínios onde há conflitos de vizinhança e problemas de comportamento. É importante que os moradores apoiem o síndico em suas decisões racionais, sendo válidas, por óbvio, as discussões saudáveis, pois ele administra o patrimônio de todos.
Muitas pessoas não se interessam pelas questões do condomínio como se não o ocupassem. Esse tipo de atitude pode causar sérios prejuízos, pois desestimula o síndico a assumir posição e os problemas tendem a se agravar.
Há casos, como por exemplo, a disposição das vagas de garagem que afeta todos os moradores, causa atritos e desvaloriza as unidades, pois a ninguém interessa locar ou comprar um apartamento onde o morador tenha desgaste toda vez que estacionar seu automóvel. Contudo, há prédios que este tipo de confusão perdura por décadas, porque ninguém ajuda o síndico a resolver, pois os vizinhos se limitam a reclamar. De forma ilógica e movidos pela postura de não investir numa solução profissional, simplesmente nada resolvem. Assim, alguns optam por mudar do prédio para obter tranquilidade.
De maneira egoísta, há quem pensa que cabe ao síndico resolver tudo sozinho, esquecendo-se que as decisões devem ser tomadas em assembleia, a qual exige participação proativa, pois sem quórum nada se resolve. O síndico não é expert em todas as áreas que envolvem a administração do condomínio e assim, as pessoas devem se conscientizar de que devem apoiá-lo na contratação de profissionais especializados em cada área de gestão do condomínio, tais como, trabalhista, imobiliária, fiscal, contábil, engenharia etc.
Se os condôminos não querem assumir a árdua tarefa de ser síndico, já que ninguém pode ser obrigado, o ideal é que eles remunerem quem aceita defender seu patrimônio, sendo interessante a contratação de administradora de condomínios, que, logicamente, não pode ser confundida com um escritório de advocacia, pois a este cabe resolver conflitos, elaborar convenção e definir questões jurídicas. Uma administradora tem funções burocráticas, especialmente de organizar a contabilidade, devendo se abster de polêmicas entre os condôminos, sob pena de perder o condomínio como cliente.
(*) Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG