Insistimos nos mesmos temas, reportamo-nos aos mesmos problemas. Sobretudo porque eles permanecem atuais e sem solução. Entre os mais recorrentes, violência, corrupção, o crime organizado, a falta de infraestrutura indispensável ao desenvolvimento nacional, a ausência de comprometimento dos políticos com o país e com os cidadãos, a lentidão dos processos no Judiciário, a inconclusão dos crimes contra a vida e o patrimônio, a insuficiência de verbas para atendimento das necessidades e demandas básicas da sociedade.
Não sem razão, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, admoestou recentemente sobre o risco de o crime organizado se infiltrar nas estruturas partidárias, faltando poucos meses para eleições gerais no país. A presente situação não está distante de anos anteriores. Percebe-se que as agremiações que fazem política com p minúsculo, sempre estimuladas pela impunidade, podem ser nicho para marginais.
A ampla cobertura da imprensa nacional, e também internacional, oferece elementos para se medirem fatos e dimensão aproximada de fatos recentes na administração brasileira e avaliar o desalinho em que se encontra a vida nacional. A sociedade tem antenas poderosas, porém, percebe o que ocorre e tem medo.
Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, acha que o veto às empresas para doações nas campanhas abre caminho para organizações como o PCC, a mais notória e agressiva facção do crime em São Paulo. Admite-se que esses grupos criminosos podem ajudar acolhendo marginais e assumindo despesas eleitorais. Há numerosos personagens envolvidos em façanhas, que denigrem a política brasileira e podem ameaçar as instituições; mesmo o suposto estado democrático de Direito, reconquistado após ingentes esforços do povo brasileiro.
O ministro Gilmar Mendes não quis, em conversa com jornalistas, citar nomes, no que fez muito bem, em se tratando de um ocupante de cadeira tão alta na magistratura. Estava, destarte, muito viva a lembrança de um deputado estadual do PT-SP, sob suspeita de integrar o Primeiro Comando da Capital, em episódio na garagem de uma cooperativa de ônibus na Zona Leste de São Paulo.
Mencionado parlamentar, Luiz Moura, foi um dos 42 detidos pela Polícia Civil, um dos quais já condenado por sinal, por assalto a bancos. Moura argumentou que simplesmente participava de um encontro para discutir melhorias no transporte público metropolitano. Sua explicação não contentou o próprio partido, que o suspendeu por sessenta dias, o que teve o mérito de afastá-lo da disputa da eleição, este ano.
O ilustre “representante do povo”, no entanto, tem uma folha corrida extensa, como os próprios jornais publicaram quando da detenção: “foi condenado nos anos 1990 por roubo a mão armada no interior do Paraná e de Santa Catarina. Pegou 12 anos de prisão, cumpriu um ano e meio e fugiu. Depois, reabilitou-se tecnicamente, pelos critérios da Justiça. Em 2010, elegeu-se deputado estadual pelo PT em São Paulo, com patrimônio declarado de R$ 5, 1 milhões”. Falta acrescentar episódios de sua folha corrida.
