Por Manoel Hygino
Na edição de março de 2011, o Boletim Informativo da Academia Mineira de Letras, editado pelo acadêmico José Bento Teixeira de Salles, registrava os 90 anos de vida poética de Soares da Cunha, comemorados em 25 de fevereiro de 2011. Dizia o editor: “Consagrado nacionalmente como o maior trovador brasileiro vivo, Soares da Cunha é motivo de orgulho para nossa Academia”. E é.
Cabe agora substituir a palavra “vivo”. Soares da Cunha não está mais entre nós e apenas um frio anúncio fúnebre avisou de seu falecimento, em junho, ao convidar para a missa de sétimo dia. Mas o poeta não morreu. Sua produção aí está, para reafirmar seu prestígio e méritos. Uma trova sua venceu os espaços físicos:
“ Amigos são todos eles
Como aves de arribação
Se faz bom tempo, eles vêm...
Se faz mau tempo, eles vão...”
Parece que a poesia perde adeptos. O que é triste, se considerarmos que recente estudo da Universidade de Liverpool, revelou - no nascimento deste ano - que ler autores clássicos, como Shakespeare, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamento do que livros de autoajuda. Ela afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças.
Coincidentemente, a taxa de mortalidade de jovens no Brasil registra que 1, 9 milhão foram vítimas de morte violenta, como suicídios, acidentes e homicídios entre 1996 a 2010. Depreende-se que, se essas pessoas se dedicassem mais à poesia e à beleza, teriam existência mais longa e feliz. A expectativa de vida entre nós diminui, o que é uma lástima. Um jornal salientou que o Brasil perde o equivalente a 1,5% do PIB com as mortes violentas de jovens entre 15 e 29 anos. A poesia poderia salvá-los, talvez.