*Manoel Hygino
O acadêmico Aloísio T. Garcia publicou substancioso artigo sobre o direito de voto da mulher no Brasil. Começou por lembrar que, para um dos maiores pensadores de nosso tempo, o notável Norberto Bobbio, a revolução feminina foi a mais importante do século XX, mesmo sem desconhecer o surgimento da cibernética ou a força assumida por descobertas no campo da genética, e transformações políticas e ideológicas que mudaram o mundo no centênio pretérito.
Fugindo à exploração, natural e imprescindível do assunto “mensalão”, incluído, evidentemente, entre os fatos mais importantes neste princípio do século XXI, pelo rumoroso delito que é por consequências, não ignoramos a ascensão da mulher na sociedade, que chega ao ápice no vigésimo século.
O Cristianismo mudou o conceito antigo da mulher. Para o estudioso do assunto, o ilustre Ivan Lins, a cavalaria criou o culto da mulher, fazendo dela um ideal de pureza e ternura até então inexistente.
E Dom Quixote não foi um exemplo, mesmo estereotipado pelo gênio de Cervantes? Valeria lembrar Robertson ao afirmar que se mede o grau de civilização de um povo pela maneira por que nele é tratada a mulher, primitivamente considerada um ser inferior. Nas “Eumênidas” de Ésquillo, Apolo sustenta que o filho provém somente do pai, não passando a mãe de simples depósito do germe masculino. Isso em pleno ápice da civilização grega.
Com o envolver do tempo, chegamos ao ponto em que nos achamos. Aloísio Garcia julga que o momento marcante das mudanças profundas da mulher e de nossos costumes quanto a ela, se deu na Segunda Grande Guerra, quando nos países da Europa e nos Estados Unidos os homens partiram para as trincheiras ou para os combates por ar e ar, com o sexo feminino se vendo na contingência de substituí-los nas fábricas, escritórios e universidades.
O tema é muito abrangente para caber num comentário. Assim, nos vamos cingir ao direito de voto primeiro no Brasil, adquirido em 1932, quando sequer a França e Itália o permitiam. A propósito, lembro que a mineira Alzira Reis, primeira médica do Estado, nascida em Minas Novas, foi pioneira do voto, tendo-o conquistado, juntamente com duas outras normalistas de sua cidade, mediante requerimento apresentado em 1907 ao dr. Francisco Badaró. Essa moça mereceria um estudo mais pormenorizado e amplo. Diplomada, descobriu irregularidades nos serviço público e se desligou. Foi para outra freguesia.
