A morte de Konstantin

Jornal O Norte
Publicado em 26/03/2011 às 08:34.Atualizado em 15/11/2021 às 17:24.

Maria Luiza Silveira Teles (*)



Montes Claros vestiu-se de luto. Morreu uma de suas maiores figuras: Dr. Konstantin Cristoff, médico e artista de renome internacional.



Amigo de meu também já falecido pai, desde menino, quando veio da Bulgária para o sertão do Norte de Minas, pelas malhas do destino. Em cima de uma velha mangueira, no antigo Colégio Diocesano, meu pai ficava a ensinar-lhe as primeiras palavras em português.



Foram amigos por toda a vida e papai orgulhava-se do amigo, grande cirurgião, médico de pronto diagnóstico, e, mais tarde, um dos maiores artistas plásticos do mundo. Nós filhos e, principalmente, eu, herdamos a amizade e a admiração, que veio crescendo com o tempo.



Aqui, o velho Konsta, como era carinhosamente chamado, casou-se com Yede, seu eterno amor, filha de Dr. Plínio Ribeiro, um dos grandes nomes da História montes-clarense.



Na última visita que lhe fiz, na Santa Casa, já inconsciente, apertei chorando a mão de meu velho amigo e médico e pedi ao Pai Amantíssimo que o levasse, pois vi que, apesar do coma, ele parecia sofrer muito.



Os grandes homens não morrem jamais. Enquanto sobreviver a História de Montes Claros e a Arte Mundial, Konstantin estará vivo, assim como outros grandes homens que deixaram marcada a sua passagem pelo planeta.



Eu, como espiritualista que sou, sei que a morte não é senão uma mudança de dimensão e, talvez hoje mesmo, quem sabe, Konstantin estará vendo outras paisagens tão belas como jamais imaginou a sua fértil fantasia?



Um dia, durante a exposição da sua Via Crucis, uma das mais belas obras que produziu, eu lhe disse: “Konstantin, você é o ateu mais cristão que eu conheço.” Ele sorriu... Tenho foto desta noite memorável, ao lado dele e sua esposa, minha amiga Yede.



Bobagem falar em morte: Konstantin não morrerá nunca! Lá no caixão está apenas a sua velha matéria cansada, que vai repousar na terra que seu pai e ele escolheram para viver. Konstantin, com sua luz e sua arte, é eterno!



Lembro-me de um pequeno trecho de uma crônica em que meu colega e amigo, Wanderlino Arruda, outro grande nome da nossa História, falava dele: “O tempo passa e sempre Konstantin é um vencedor. Alguém mais do que um mestre. Uma assinatura sua é capaz de fazer uma folha de cartolina, uma tela vazia serem consideradas obras de arte. Um mágico fenomenal. Ontem e hoje bem aceito. Com exposições nas cidades maiores deste e de outros países, tornou-se um bem-visto pela imprensa especializada. Nosso orgulho!” Será sempre o nosso orgulho, já tinha razão meu velho amigo!



O meu abraço de condolências à família e a ele, querido médico, amigo e artista, a glória junto ao Senhor do Universo!



A gente vai sentir falta de sua presença sempre simpática e bem-humorada, mas a morte faz parte da Vida. Agora que vamos sentir falta, isso vamos...



(*) Escritora

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