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Sábado,20 de Dezembro

A lei das domésticas

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 21/05/2013 às 08:42.Atualizado em 15/11/2021 às 17:02.

Por Manoel Hygino


As mudanças nas regras do trabalho doméstico mudaram. As novas normas repercutirão na vida das famílias, principalmente de classe média, quando as mulheres se vêm na contingência de trabalhar para coadjuvar os maridos na manutenção do lar. As “donas de casa” de hoje não são mais as de antigamente.


Podem ser “donas”, mas as tarefas domésticas têm de ser cumpridas pelas antigas “empregadas”, as auxiliares que cuidam da copa, cozinha, crianças, limpeza de um modo geral, inclusive a dos filhinhos do casal.


O professor da USP José Pajtore lembra que agora empregadores se obrigarão a pagar horas extras de modo que o desembolso mensal será bastante alto. A transformação pode causar verdadeira revolta das mulheres que precisam das domésticas para desenvolver suas atividades profissionais.


Mas se as medidas garantem determinados benefícios aos empregados, empregadores se verão na contingência de dispensar suas auxiliares nos labores de casa. Muita coisa acontecerá, inclusive quanto aos idosos, que contratam cuidadores. Aqueles que trabalham à noite terão de enfrentar horas extras e adicionais noturnos. Famílias deixarão de lado esses profissionais. Comentou-se: “É bonito fazer a lei e jogar a responsabilidade de resolver os problemas para as outras pessoas”.


Sinto viva saudade das empregadas de nossa casa na infância. Não guardo qualquer memória desagradável. Elas contavam histórias de fadas e princesas que nos encantavam. A propósito, recordou um registro do grande humanista Ivan Lins, da Academia Brasileira de Letras, ao referir-se a um desses seres marcantes de nossa primeira fase de vida. Na casa do pai, ministro Edmundo Lins (foi flagrado no Supremo Tribunal Federal, conversando afavelmente com Pacelli, Pio XII, em latim), ele conviveu com a humilde Constantina. Ela ingressou, como simples criada de servir, “quando eu não era ainda nascido”, mas se transformou numa segunda mãe, falecendo como uma das pessoas mais queridas da família.


Na abertura de um dos seus livros, anotou Ivan Lins: “sinto-me feliz em poder prestar, aqui, esta saudosíssima homenagem de reconhecimento pelo muito que devo à delicadeza dos sentimentos, à sagacidade da inteligência e à retidão de caráter dessa nossa boníssima e santa criatura, uma das melhores que tenho conhecido, cuja carinhosa solicitude me proporcionou alguns dos momentos mais venturosos de minha vida”. “Constantina vive na minha saudade e na minha gratidão como aquela árvore dadivosa de que fala Rui, cujos benefícios sobrevivem no reconhecimento, que não murcha”.

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