A inveja não compensa

Jornal O Norte
Publicado em 30/03/2006 às 11:24.Atualizado em 15/11/2021 às 08:32.

Mírian Cavalcanti Prado *



Na política, no trabalho, no salão de beleza, na academia de ginástica, na rua, enfim; em toda parte, pressentimos quase sempre a inveja. Abstrato, esse sentimento absurdo é o causador de desgosto pelo sucesso do outro.



È bem verdade que a velocidade com que as coisas vêm acontecendo, está provocando a sensação de apatia em algumas pessoas, mas, está claro que para se obter êxito na vida, a inveja não compensa.



- Aliás, tenho observado que já não se fazem invejas como antigamente. O tempo vai alterando o sentido primário de ser



È possível vencer acionando sua centelha formadora para independentemente aprender mais, preparar-se melhor e chegar lá como tantos; sem violência, hipocrisia e falsas acusações. Bem como não é difícil controlar o desejo doentio de querer possuir aquilo que não é seu.



Aliás, tenho observado que já não se fazem invejas como antigamente. O tempo vai alterando o sentido primário de ser. A imposição do passado vai sendo superada inclusive, por empresas que colocam informações idôneas e completas sobre políticas de remuneração e benefícios na internet, com fins puramente de incentivo. Isso não quer dizer que a inveja se limita a uma simples mudança de tradição.  Pois, hoje, o seu auge se confere em novos tipos do ciúme; como por exemplo, o crescente número de estranhos invejosos; sem ambição material.



É aquele cara que tem tudo, ganha bem, até mais do que o outro de quem não suporta a felicidade.



Conforme se têm apurado em certas fontes de pesquisas, essa espécie de marcação está fundamentada na briga pelo difícil lugar ao sol.  O objetivo desse estado de espírito visa destruir as conquistas do outro e em alguns casos o outro inclusive, como fez Caim.



De acordo com a intensidade, a inveja se torna perigosa; impossível de ser contida. Para mantê-la secreta, o ambicioso é capaz de mergulhar-se no fel. È como um artista que protagoniza a discrição quando os seus nervos estão prestes a se estourar. Dado o acúmulo da maldade, às vezes deixa escapar um pesado ataque temendo que o seu alvo o suplante.



É natural querer um carro mais caro ou uma mulher mais bonita como a do amigo ou vice-versa. A partir do sucesso do outro, nos damos conta de como gostaríamos de ter o mesmo para nós. Há quem diga até que uma ambiçãozinha de leve não faz mal a ninguém. Motiva ir à luta; nos fazendo funcionar que nem um combustível; sem ofensa, a boa ventura alheia pode até servir como modelo, ou inspiração, sem efeitos colaterais.



- A tendência perigosa do invejoso é vencer em troca da infelicidade alheia



O certo é que, aos invejosos de fato, não é dado o poder de discernirem as suas próprias limitações. Alguns se atêm a crenças supersticiosas cuja reação do despeito é capaz de exercer sobre o outro a influência negativa; o chamado olho gordo. Nada mais é do que um firme propósito em promover no seu alvo a falsa consciência; impondo limites; vitimando expectativas. Ademais, é costume o despeitado julgar o outro por si. Atribui o seu próprio fracasso, ao indivíduo por ele invejado.



A tendência perigosa do invejoso é vencer em troca da infelicidade alheia. Dentre os planos mirabolantes articulados por ele, se incluem medidas perigosas que visam ofuscar o pretenso inimigo: provocando calúnias, ignorando habilidades, fomentando discussões, criando sabotagens, etc.



Em contrapartida, o estrago dessa coisa não se limita apenas à mira do atirador. Suas conseqüências desastrosas recaem também em si próprio.  A começar pela perda de tempo. Quando as pessoas estão atacadas pela inveja, não estão trabalhando ou pensando no que seria melhor para si ou para a empresa. Acabam deixando passar desapercebidas as oportunidades que as poderiam fazer crescer e se realizarem em suas ambições.



Sem falar nas perdas de profissionais talentosos que, em geral, não duram muito em ambientes contaminados por tal moléstia.



Nesse aspecto, tenho notado que o problema em muito, se deve a uma questão de princípio. A propósito, tenho alertado minhas filhas sobre como se portarem diante de inimigos em situações semelhantes. (Ah, disso eu faço questão).



Pensando nisso, atentei-me a outros pensamentos quanto aos perigos decorrentes da inveja. Na verdade, em toda parte existe o tal disse-que-disse. Mas tudo indica que teve origem nos níveis mais baixos e carentes de cultura. É também onde se coloca a maioria dos leva-e-traz de falatórios gerados pelas más línguas dos ressentidos.  Às vezes, nem o trabalhador rural sofrido escapa. Encurvado e com enorme saco de ferramentas encravado nos contrafortes do espinhaço, está livre da maldade. Bisbilhotam acerca de um tostão a mais ganhado pelo companheiro de infortúnio. Daí é que começam os questionamentos do tipo:



- Por que fulano ou beltrano consegue isso ou aquilo a mais, se nós estamos na mesma situação?



Ricos, pobres; não importa. A postura tranqüila é que faz a vítima feliz. Enquanto o invejoso impulsivo e confuso se afoga a derrota; no leito amargo da dor; - uma vida inteira infeliz -; finalmente, por si se destrói. E a vítima? Passiva. Essa sim, afinal se constrói.



Moral da história: A inveja é a principal causa dos fracassos das pessoas que a cultuam.



* Escritora, consultora e pesquisadora temática

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