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Sexta-Feira,27 de Junho

A inconfidência de Tiradentes e a dos homens

Jornal O Norte
Publicado em 20/04/2009 às 10:02.Atualizado em 15/11/2021 às 06:56.

Gilson Nunes


Jornalista


gnunes01@yahoo.com.br



É bem certo que a inconfidência mineira foi um dos maiores movimentos já articulados em prol da liberdade de expressão e do abuso de autoridade por parte da Coroa portuguesa, principalmente ao que se refere à cobrança abusiva de impostos, em decorrência da Derrama - exploração do ouro por mineradores que, por sua vez, sonegavam-no. A inconfidência mineira não foi apenas do Alferes Tiradentes, como lembra a data do dia 21 de Abril, mas de um grupo de pessoas que se reuniam, ora na casa de um, ora na casa de outro, às escondidas, para protestar contra a autoridade da burguesia imperialista. O Alferes, Joaquim Jose da Silva Xavier, foi crucificado em plena praça pública, no Rio de Janeiro, após ter sustentado sua posição ante o caos social e econômico. Os demais inconfidentes foram condenados à prisão perpetua após negarem suas ideologias, caso contrário, seriam também executados.



Ao que diz respeito à palavra “traição”, sua significação é mitológica e lendária, pois ela é peça fundamental para a consumação da redenção dos pecados a que Cristo viveu. Passados mais de 500 anos, ainda hoje, em pleno terceiro milênio, o que mais se vê, são conceitos éticos não respeitados, descumprimento das leis, direitos humanos adquiridos pelo suor do trabalho ignorados, discriminação racial, étnica, dentre outros considerados letais e nocivos ao ser humano. O povo vive o “hoje” como se ele fosse o último dia. O conceito de filosofia da sobrevivência é flagrada cotidianamente por frases do tipo “cada um por si”, ou, ”salve-se quem puder”.  



Aquele que confia no outro está, no mínimo, expondo sua cabeça à forca. O espírito de coletividade é tão lúdico, quanto ilusório. Prova disso é a concepção de democracia, de monarquia, presidencialismo, ou mesmo outros modelos de regimes que, na verdade, se comprometem a promover o bem star de uma minoria, gananciosa e egoísta por natureza.



Tiradentes, o mártir da inconfidência, defendeu sua ideologia até a morte. Foi coerente com seus ideais, com seus princípios, com os mais carentes e necessitados. Pagou uma dívida que não era somente dele, mas sim, de toda uma nação que naufragava nas correntes da desigualdade e da descriminação de toda a ordem.



A sociedade, desde os primórdios, carece de homens como Tiradentes: homens que fazem das palavras: respeito, justiça e moral, jargões de seus princípios.

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