Por Laura Conrado
Andei recebendo muitos e-mails de pessoas tristes, melancólicas e jurando atravessar problemas sem solução nos últimos dias. Longe de mim diagnosticar, mas, óbvio, há casos depressivos que precisam de cuidados médicos. Contudo, acredito que passamos por uma “síndrome” de intolerância à tristeza. As pessoas querem tudo para ontem. Querem curar a solidão numa balada louca ou emendando um namoro no outro. Trabalham compulsivamente sem tempo para pensar, enchem a cara quase todos os dias (nos fins de semana, com moderação, pode!) e alguns lançam mão dos famosos remedinhos aliviadores.
Ninguém aceita o choro, o fora, a desilusão, a dor. Ninguém quer a própria sensibilidade. Sem passar pela tristeza corremos o risco de ficarmos no mesmo lugar, mascarando situações que poderiam ser eliminadas da nossa vida.
Há algum tempo eu andei bem triste. Depois de uma autorreflexão e de muita conversa na terapia, descobri que não estava feliz no trabalho de jornalista. Não que eu não goste de trabalhar (hoje trabalho muito mais do que antes), mas estava insatisfeita com o que desempenhava. Sei que milhões de pessoas detestam o trabalho e compensam no fim de semana o desespero do expediente. Mas eu não queria ser dessas pessoas que choram por um feriado e esperam as férias para viver. Encarar minha tristeza permitiu que eu tivesse coragem de assumir meu sonho de ser escritora. Se eu tivesse empurrado meu sentimento para debaixo do tapete, estaria até hoje na turma dos apavorados pela segunda-feira, que têm uma tromba na cara. Jamais estaria no time de blogueiros, com livros publicados, prêmios alcançados e não teria meus queridos leitores. Não sairia da cama todos os dias feliz por poder trabalhar no que amo.
Lamentar o fora, entender nossa desilusão e chorar todas as nossas lágrimas é dolorido, mas libertador. A tristeza não é perene, é transitória. Ela nos aponta que o está errado em nossa vida, podendo ser o trampolim que vai nos ajudar a dar um salto inesquecível. Estar muito triste por um momento é melhor do que ser “meio triste” a vida inteira. Acredite, a tristeza de hoje pode te tirar definitivamente dessa!