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Sábado,10 de Maio

A gostosona - por Ronaldo José de Almeida

Jornal O Norte
Publicado em 08/08/2008 às 11:46.Atualizado em 15/11/2021 às 07:40.

Ronaldo José de Almeida



Como sempre fazia pela manhã, Gaudêncio encontrava-se sentado à mesa do bar de Filogônio, rodeado de amigos também aposentados, degustando algumas cervejas. Ali se discutiam e resolviam os problemas do mundo, alguns dos partícipes sabiam até o esconderijo de Bin Laden.



A boa conversa corria solta e, de vez em quando, ouvia-se uma sonora gargalhada vinda de outra mesa, também muito animada. Era uma alegria total.



Quando se aproximava o horário do almoço, uma linda morena de cabelos soltos, olhos verdes e corpo escultural aproximou-se da mesa de Gaudêncio e, muito irritada, dedo em riste, iniciou um desfile de impropérios contra o aposentado:



- Malandro, você me deixou esperando e nem deu notícia. Fiquei até tarde da noite à sua espera e não apareceu. Posso saber o motivo? Pois é, faça o favor de não me procurar mais, seu pilantra. Quando me conheceu, ia todo santo dia lá em casa, agora não vai mais e nem avisa. Vagabundo, deve ter arranjado outra boba que nem eu. Esqueça-me, e reze para que eu não esteja grávida, senão já viu!



A moça falou o que bem quis e foi embora. Gaudêncio não abriu a boca, ficou caladinho ante o chilique da gostosona. Também se tentasse manifestar-se poderia ser agredido pela moça, tal era o seu estado de nervos. Porém, manteve a elegância que lhe era peculiar.



As pessoas presentes, amigos e conhecidos de Gaudêncio, ficaram boquiabertas. Primeiro por ter o homem conseguido a façanha de conquistar um monumento daquele. Segundo por ter feito pouco caso e não comparecido ao encontro.



Perguntado sobre o motivo do descarte da bela, Gaudêncio declinou:



- Tornou-se muito irritante, insuportável, telefona a toda hora, não dá sossego, estou em outra.



Quando se retirou a moça parou numa banca de revistas e conversou com o empregado conhecido de Gaudêncio, que de longe a observava.



Assim que ela foi embora, o aposentado correu até o amigo e indagou:



- Morcego, quem é a moça que estava falando com você?



- Olhe Gaudêncio, eu não sei o nome, mas ela mora perto da rodoviária, bem na praça, é quase minha vizinha.



- Perto da rodoviária, na praça, muito bem, obrigado.



Gaudêncio entrou no seu carro e rumou para a rodoviária. Perguntou e  informou de algumas pessoas, até que chegou numa mercearia pequena e indagou ao dono, fornecendo os dados característicos da potranca.



- Olhe, moço, pela sua descrição o senhor procura pela Astrogilda, filha do seu Minervino. Ela fugiu do hospício ontem, mas o seu pai já avisou ao hospital, eles devem chegar logo para levá-la de volta.

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