Logotipo O Norte
Segunda-Feira,12 de Maio

A Fórmula 1 apodreceu?

Jornal O Norte
Publicado em 15/09/2009 às 09:53.Atualizado em 15/11/2021 às 07:10.

Felippe Prates



Destamparam a tampa do esgoto do “Circo” da Fórmula 1.  Apanhado em mais uma de suas tantas velhacarias, Flavio Briatore, o “capo” da Benneton, partiu logo para um golpe baixo, batendo forte e abaixo da linha da cintura na família Piquet, que o denunciara pela tramóia no GP de Cingapura, do ano passado.  Ao insinuar, maldosamente, que Nelsinho Piquet é homossexual, Briatore faz seu pai, Nelsão Piquet, provar do próprio veneno  – “remember?” –  numa declaração igualmente irresponsável do tricampeão em relação a Ayrton Senna, em 1988.



O “circo” da Fórmula 1 ferve e fede.  Não é sem razão que, bem lembrou o jornalista Carlos Leonam, sempre foi conhecido entre os que o freqüentam, como “Piranha’s Club”.



A farsa armada pela Renault, em Cingapura, choca pela ousadia de toda trama abjeta e maquiavélica.  Mas, convenhamos, provocar acidentes e que tais está bem longe de ser um crime tão raro nas pistas.



Quem não se lembra do francês Alain Prost fechando a porta para Senna, em Suzuka, provocando o choque entre as duas McLaren em 1988?  O troco veio rigorosamente na mesma moeda, no ano seguinte, também no Japão, com Ayrton abalroando a Ferrari de Prost, logo na primeira curva.  Nos dois casos os vilões conquistaram os títulos e nem foram, sequer, advertidos pela FIA.



Manobra idêntica fez o alemão Michael Schumacher, em 1994, jogando sua Benneton, já avariada num toque contra um muro na curva anterior, contra a Williams do inglês Damon Hill.  Com isso, garantiu o título na Austrália.  Já na Ferrari, Schumacher tentaria repetir a manobra, contra o canadense Jacques Villeneuve, da Williams.  Mas, nessa ocasião, no GP da Europa, em Jerez de la Frontera, o último da temporada, o alemão não foi bem sucedido.  Os carros se tocaram, mas a Ferrari de Schumy saiu da pista sozinha, acabando melancolicamente atolada numa caixa de brita.  Villeneuve chegou em terceiro e, graças a esses pontos, conquistou o campeonato.  Esta, foi uma das raríssimas ocasiões em que, na Fórmula 1, o crime não compensou...



Independentemente da culpa de Nelsinho Piquet, que aceitou fazer parte da farsa nojenta, o prontuário de Briatore o condena.  Em 1994, ano em que morreu Ayrton Senna, os carros da Benneton, soube-se depois, eram equipados com o controle de tração que fora proibido naquela temporada.



- De fato, o equipamento estava lá, mas nunca foi utilizado.  Não o acionávamos... – alegou o italiano, com a maior cara de pau, quando a FIA descobriu tudo e nada fez, já no final do ano.



Não custa lembrar que uma das maiores queixas de Ayrton, nas primeiras provas daquele trágico campeonato, era que, sem o controle de tração, os carros tinham ficado “nervosos”, difíceis de dirigir.  Aliás, foi graças a mais uma falcatrua da Benneton de Briatores que Schumacher pôde ultrapassar Senna durante um “pit-stop”, no GP Brasil do mesmo ano.



Ayrton, que fizera a “pole” e liderava, entrou nos boxes na mesma volta que Schumacher, mas à sua frente. Ambos trocaram os pneus e fizeram o reabastecimento, mas o alemão saiu alguns segundos antes, tomou a ponta e venceu a corrida.



Descobriu-se, mais tarde, graças a um acidente que provocou um incêndio espetacular na outra Benneton, do piloto Jô Verstapen, que a bomba de combustível usada pela equipe Benneton, não tinha o filtro de segurança obrigatório pelo regulamento – e, por isso, injetava o combustível mais rapidamente que o normal!



Punição para Flavio Briatore e sua gangue?  Nem pensar!  A culpa foi jogada nas costas de um pobre mecânico que, embora inocente, perdeu o emprego.



A Fórmula 1 é, ou não é o autêntico “Piranha’s Club”?



O histórico dos mais variados golpes, mutretas e ardis criados por pilotos, chefes de equipe, projetistas e engenheiros, dentro e fora das pistas, é enorme.  O que não falta no “circo” é artimanha para ludibriar os regulamentos, desconhecer a ética e vencer a qualquer custo.



Agora, para terminar, uma notícia bomba em absoluta primeira mão:  Nelsinho Piquet, hoje “persona non grata” na F 1, sai do automobilismo e tentará o futebol!  Seu destino é o Goiás, em Goiânia, perto de Brasília, onde mora seu pai.  O técnico Hélio dos Anjos, radiante, diz que Nelsinho tem tudo para ser um grande zagueiro:



- Ele é veloz e obedece as ordens à risca.  Especialmente quando o treinador manda bater...



Referência: Jornal “O Globo”.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por