Gilson Nunes
Jornalista
gnunes01@yahoo.com.br
Recentemente escrevi um artigo para O NORTE, cujo título - A Montes Claros que não montesclareou - fala sobre a Montes Claros que não acompanha a mentalidade evolutiva do mundo globalizado, dos tempos atuais, modernos: entra ano, sai ano, ela continua a mesma, com os mesmos vícios. Sem mudar a minha opinião ao artigo mencionado, existe o outro lado da moeda que também deve ser falada. A Princesinha do Norte não mudou e nunca vai mudar por um simples motivo: ela é original, intransponível, irremediavelmente intransigente ao que tange “calor humano” e, o que é um milhão de vezes melhor, ela é absolutamente autêntica. Prova disso, sem querer puxar saco, são os comportamentos oriundos de todos e de tudo o que a permeia, que a rodeia, tendo como princípio básico, a simplicidade e a cordialidade sublime de seu povo.
Montes Claros é isso, um celeiro de ingenuidade, cujo caipirismo se funde com o cerrado, com o sabor do pequi misturado à carne de sol, com as canções carismáticas de seus cancioneiros, dos catopês, das folias de reis, das serenatas apaixonadas, do incomparável feijão tropeiro do mercado central, da serra do Ibituruna que inspirou e inspira tantos poetas como Aroldo Pereira, além de poetizas e escritoras do tão famoso Psiu Poético. Como Montes Claros pode ser ou estar fora do contexto da globalização, se suas raízes possuem o estigma da paixão? Se suas raízes possuem a sabedoria dos sentimentos mais lúdicos e a sensatez que esmeram os jasmins?
Se Minas é um estado que se prima pela riqueza de suas tradições, inclusive na política, a Formiga tem, em potencial, participação de destaque no cenário nacional e mundial. Prova disso é o glorioso e gênio Darci Ribeiro que é assunto literário em todo o Brasil. Suas obras, pensamentos, trajetória política, enfim fazem parte do cardápio de muitas universidades brasileiras. Sem contar que a natureza do povo montes-clarense, faz da hospitalidade seu grande referencial.
Quando se fala em evolução globalizada, Montes Claros está sempre na dela, sem perder a pose. Além do mais, por conta de sua própria personalidade, oferece uma qualidade de vida pitoresca, tranqüila, serena, semeando amor por aquilo que lhe é peculiar: a humildade. Com essas qualidades, aquele que chega em Moc com ares de arrogância, não ai se encaixar dentro de seus princípios, pois acima de tudo, ela admite tolerância zero, e se comporta com uma verdadeira mãe: paciente, calma, carinhosa, mas não se deixa abater pelos desaforos inconseqüentes advindos de fora.
Ser montes-clarense é, sobretudo, gostar de suas concepções, de seus valores, constituídos ou não, é se deixar levar pela emoção que emana dos sonhos que ela alimenta, sem a cobrança peculiar das metrópoles, supostamente desorganizadas. Em outra palavras, para gostar de Montes Claros, é preciso aceita-la como ela é, pois sua auto-estima será o espelho dos olhos que a veem.