Viagem com o rio São Francisco

28/05/2020 às 00:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:37

Revendo os sebos, encontramos um livro, no mínimo, curioso. Um livro que relata em versos livres uma emocionante viagem pelas águas do rio São Francisco. De autoria de Álvaro Andrade Garcia, o livro “Viagem com o rio São Francisco”, uma odisseia iniciada em Casca D’anta, com uma parada obrigatória na Vila Risonha de Santo Antônio da Manga de São Romão para, depois, desembocar no oceano Atlântico. Na folha de rosto traz uma reprodução do desenho de Garniers Freres, impressa do Atlas e Relatório Concernente a Exploração do Rio São Francisco, desde a Cachoeira de Pirapora até o oceano Atlântico, um levantamento histórico realizado por ordem do S.M.I Dom Pedro II, no ano de 1860.

Versificando com maestria, o poeta dá vida à sua obra dizendo quando o corpo (o rio) recebe o primeiro sinal de vida, a sua nascente: “ela fez-se/ fino pulso/ fio de cobre/ torneira aberta/ gotejamento/ miúda minou a gota/ surdiu da rocha/ volteando pelo caminho/ pouso aprazimento/ juízo suspenso - plena instância” e assim dá o início da viagem de suas águas no alto da Serra da Canastra pela descida da cachoeira de Casca d’anta, dentro de um imaginário barril.

Assim, as águas do São Francisco vão fluindo de beirada a beirada em busca do imenso e do inquieto mar. Antes, porém, muitas coisas acontecem no talvegue do seu leito: “o fundo do poço profundo/ e lá o mundo a clareira/ o fogo que apagou o antes/ o velho, a cadeira a âncora/ a corda, a sorte e o morto/ a vidente, o vasto e o filho/ a ânfora, a fonte o caminho...”. 

Na primeira parada obrigatória dessa epopeia, nota-se nas noites do sertão o barulho das águas e dos lampejos, os assobios dos pássaros e o estalido de não sei o quê. O rio impõe o medo e o medo leva o homem temente a Deus ao desespero! Assim foi a triste história de Antônio Doido, um vivente que habitava a paradisíaca ilha de São Romão. 

No lago do Sobradinho o sertão quase vira um mar pelas mãos do homem... Do lado de cá da Vila Risonha de Santo Antônio da Manga de São Romão o rio São Francisco segue o seu destino: o mar. Entretanto, com a construção da represa do Sobradinho, por um instante as águas do rio se estenderam pelo sertão para a concretização de uma profecia, cantada e encantada por Sá & Guarabyra. Vejamos: “o sertão vai virar mar, dá no coração, com medo que algum dia o mar também vire sertão...”. 

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