Vale quanto pesa

12/06/2021 às 00:20.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:09

Hoje eu acordei um pouco aborrecido. Algumas lembranças vieram habitar o meu presente de passados, acompanhadas de boas e más recordações. Lembrei-me do sabonete preferido do meu saudoso pai, Quias: o “Vale Quanto Pesa”. E, assim, na carona dessa história, eu ouvia o meu avô Teixeirinha dizer que as pessoas são iguais às recomendações das casas do ramo sobre o tal produto: grande, bom e barato.

Na verdade, o homem tem o mesmo sentido do sabonete, pois ele só vale o equivalente do seu posto no mundo empresarial. Se está gerente de alguma notável empresa comercial, ele é bajulado, ostentado de grandes amizades e do carinho de seus pares. Mas, se já esteve algum tempo na gerência desta mesma empresa, agora não vale mais nada, ele é desprezível e torna-se um “sujeito” que incomoda tanto quando sempre aparece no antigo local de trabalho. Agora, ele passa-se por despercebido dos colegas de outrora, das entidades que tanto ajudou e da sociedade hipócrita em que viveu e conviveu por muitos e muitos anos. 

Difícil é entender essa nossa semelhança com o sabonete “Vale Quanto Pesa”. Um pequenino objeto necessário na higienização do nosso corpo. Aliás, a limpeza deve ser feita por dentro e por fora, haja vista que muitos possuem a alma podre e o coração dilacerado pelo ódio e pela inveja dos que um dia venceram na vida. 

Fazer grandes realizações, possuir um bom coração e tornar-se acessível a preços módicos na educação, no valor humano e no cumprimento familiar e religioso é que se faz um homem completo e acabado.

No “vale quanto pesa” a Lei do Retorno é implacável. Todo ser humano é atraído e traído por si mesmo na conquista do sucesso. Basta uma pequena pausa para lembrar e relembrar o passado das lutas incessantes no batente do trabalho. Basta um exame de consciência para se situar no contexto dos acontecimentos. A fama é passageira, assim como a vida de todos nós o é. 

Hoje não se vive um dia a mais, apenas deixamos de viver um dia a cada dia que vivemos. É certo que estamos morrendo aos poucos sem se dar conta desse fato rotineiro. A ingratidão sempre vem dos amigos e em momentos incertos de nossa vida. Entretanto, tudo é válido para entendermos o valor do peso da cruz que carregamos em nossas costas. Ora, se a ingratidão não é boa, também as decepções nos maltratam assustadoramente. 

É verdade. Eu hoje acordei meio aborrecido. Acordar no sentido de amanhecer para um novo dia, porque, nem sequer eu consegui dormir nesta noite. Por um lado, com a genialidade da cristandade não me sobra tempo algum para colecionar desilusões. E isso é muito bom!

Por outro lado, confesso com muita alegria que as lembranças de momentos são tão somente nuvens passageiras que, com o vento, elas se vão e esvaem pelo espaço sem rumo. Outrossim, por mais tenebroso que possa parecer é importante acreditar nas boas ações dos amigos de fé e dos familiares de casa, porque a esperança é a última que morre! Um amplexo! 

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