Tutaméia

05/03/2020 às 00:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:50

TERCEIRAS ESTÓRIAS, do imortal João Guimarães Rosa, foi correr ao dicionário Houaiss da língua portuguesa para saber o significado da palavra “Tutaméia”. Lá estava consignada, com todas as letras, a palavra “tuta e meia”, o que quer dizer “uma coisa sem importância”. Entretanto, não é isso o que as obras de Rosa representam para a comunidade literária brasileira. Antes de Tutaméia: terceiras estórias (com assento mesmo, assim como o livro foi batizado) todas as outras edições - Sagarana, Manuelzão & Miguilim (Corpo de Baile), Noites do Sertão (Corpo de Baile II), Grande Sertão-Veredas, Primeiras Estórias - ou depois de Tutaméia: terceiras estórias - Estas Estórias, Ave Palavra e Seleta - os escritos de Guimarães Rosas foram recebidos pela crítica literária brasileira e internacional com louvores, acreditando que a sua “estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a História. A estória, ás vezes, quer-se um pouco parecida à anedota”. Nota-se que não há as “segundas estórias” na bibliografia do autor. Seria isso proposital?

TUTAMÉIA: TERCEIRAS ESTÓRIAS não é um livro para se ler apressadamente, impacientemente ou precipitadamente. Não é não, pois, os “mentes” aqui não combinam com a hermenêutica dos textos assinalados. Não se pode escorregar numa só palavra ou mesmo simplesmente desconhecê-la da leitura textual. A escrita de Rosa é única, pessoal, com características pontuais. É uma escrita propugnácula da língua portuguesa, com certeza! 

TUTAMÉIA: TERCEIRAS ESTÓRIAS traz ainda três prefácios do autor para o autor. Isso não é uma inovação literária, mas uma determinante de quem mais sabe sobre a obra aqui apresentada e analisada. Nota-se que um primeiro aspecto a ser destacado nesta obra refere-se à presença recorrente de provérbios populares e das máximas. Prefaciando a própria obra, no texto Aletria e Hermenêutica, o escritor Rosa deixa bem claro que tudo ali é tratado com gracejos e pilhérias, mesmo a partir do título. Nas palavras de Paulo Rônai encontramos a seguinte assertiva sobre o trabalho de Rosa. Vejamos: “Aqui está porém o último livro do escritor, Tutaméia, publicado poucos meses antes da sua morte, a exigir leitura e reflexão. Por mais que o procure encarar como mero texto literário, desligando de contingências pessoais, apresenta-se com agressiva vitalidade, evocando inflexões de voz, jeitos e maneiras de ser do homem e amigo”. 

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