Em Segurando a Hiperatividade, Mara Narciso nos conduz por um caminho onde todos os dias uma surpresa lhe é reservada. Seu filho Fernando, motivado a todo tipo de estripulias – e ainda que por demais advertido –, não consegue quietar-se por ser assim mesmo, de irrequieta curiosidade em conhecer o mundo todo de uma só vez, a cada instante ultrapassando seus próprios limites para além dos de outros ao seu redor.
Aos que carinhosamente se preocupam com a criança hiperativa, na árdua tarefa de tomar conta, cuidar para que o inesperado não aconteça: a ela, no entanto, o sempre não importar-se com o perigo, como se sabendo que apenas viver já é perigoso.
O hiperativo, como o próprio nome indica, é a atividade excessiva. Está naquele que viaja por lugares onde somente o dono desta faculdade sabe onde fica. E traça rotas para seguir seus rumos que, na maioria das vezes, são desconhecidos por nós, meros espectadores.
O caso de Fernando, muito bem descrito por Mara Narciso, sua mãe e médica, leva o leitor a conhecer o real significado sobre uma pessoa patologicamente ativa. Assim, vivenciar o cotidiano de uma criança cujo comportamento não iguala a padrões normais – se é que podemos acreditar que uma criança, pelo fato de ser criança e tendo de seguir esses padrões possa continuar criança – quando, na maioria das vezes somos nós, os adultos, quem determinamos um mundo de regras e normas estabelecidas apenas para (sobre)vivermos numa sociedade quase sempre pronta a mostrar o comportamento errado do outro (nunca de si mesmo).
Este livro é um depoimento claro e verdadeiro que, abordado corajosamente pela autora, servirá a dois tipos de leitores: os de não vivenciarem este problema com o filho e, aos outros, que certamente passarão a conhecer com profundidade o assunto – tomando por princípio e doravante, a aceitabilidade de todas as ocorrências, para não mais tecer críticas infundadas e sem razões.
Conhecer é saber. E sabendo olhar os acontecimentos de outros casos com olhos amenos para, não podendo ajudar, pelo menos não atrapalhar a rotina dos pais que lidam carinhosamente, e de forma incansável, ao atendimento e na compreensão aos filhos hiperativos. (Maxs Portes)