O cordel de João Figueiredo

26/03/2020 às 02:22.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:05

Recebi, com muita alegria, duas produções literárias do confrade João Nunes Figueiredo, em literatura de cordel: “O Mestre Eurico Violeiro”, uma referência cultural na comunidade de Espigão de Cima e de toda a região. Segundo o autor, “a produção deste cordel foi feita a partir de dados levantados em entrevistas com várias pessoas que conheceram o personagem cuja trajetória aqui é narrada”. A outra obra, “Oliveira Lêga”. Nota-se que o cordel sextilha é a forma mais usual e aqui o leitor pode observar a riqueza dos versos de João Figueiredo. Vejamos “Eurico Pereira Ramos/Homem temperamental/Vivia para as festas/Tinha um dom musical/Entregava-se às folias/Agitador cultural” ou ainda “A saga que aqui relato/Do edil Oliveira Lêga/Contada em depoimento/Que do próprio a mim chega/Fala do que ele sofreu/Da política pelega”.

Portanto, esta obra de grande importância trata-se do retrato “político progressista em que foi penalizado por ser honesto e querer combater as injustiças sociais”. Neste cordel, com 52 estrofes em sextilhas, o autor deixa a sua imaginação perambular pelos espaços dos versos numa carga de emoção que contagia as pessoas. Sobre a história do embuste contra o vereador Oliveira Lêga, é registrado o ditado de que se perde uma batalha, mas nunca se perde uma guerra! Os temas explorados aqui pelo autor estão perfeitamente em sintonia na construção do cordel. Entretanto, a sua leitura deve ser realizada sempre em voz alta, porque assim o texto exige para consagrar a materialização do tema narrado, haja vista que o autor o fez em redondilha-maior, ou seja, com sete sílabas poéticas.

Sabemos que as primeiras publicações do cordel no Brasil ocorreram no Nordeste, em especial na cidade de Recife, no meio/fim do século XIX, e que teve como pioneiro o poeta Leandro Gomes de Barros. Aliás, o primeiro folheto foi lançado no ano de 1870, escrito por Silvino Pirauá de Souza. Em Montes Claros, o cordel ganha força com os livretos de João Nunes Figueiredo. Todavia, o primeiro cordelista montes-clarense foi o saudosíssimo Cândido Canela, que não produziu folhetos pendurados em cordões, senão dois robustos livros em literatura matuta. Hoje o cenário se enriquece com os trabalhos literários de Téo Azevedo, Carlos Renier Azevedo, Josecé Alves dos Santos, Jason de Morais, Dário Teixeira Cotrim, Edson Andrade além de outros não menos importantes.

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