O campo no coração

30/01/2020 às 06:14.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:29

A literatura de José Enéas Cezar Athanázio descreve o cenário em que se desenrolam os fatos que compõem seu livro. Em vista disso, os campos catarinenses, como em todo o interior do Nordeste brasileiro, estão longe de serem excluídos do panorama nacional da literatura. Pode, no entanto, a denominação ser outra, mas a paisagem descrita na narrativa nos apresenta como sendo a mesma no tempo e no espaço. As tradições e os costumes existem, assim como em todos os lugares, não obstante cada qual com as suas características próprias. Aliás, pode-se dizer que o livro “O campo no coração” retrata com fidelidade o modo de viver do povo catarinense, com as suas memórias e suas doces lembranças.

O escritor Enéas Athanázio, inspirado, talvez, no saudoso Franklin Joaquim Cascaes, nos conta histórias interessantes sobre o homem do campo. Nota-se que “O campo no coração” é um livro de linguagem tipicamente coloquial, onde o autor esbanja detalhes sobre a natureza e, sobretudo, sobre a paisagem da Fazenda Primavera, de Elísio Leite Preto, apelidado de Nhô Pré. Há, outrossim, na sua escrita uma valorização incondicional dos tipos populares de sua terra: o próprio Nhô Pré e tantos outros, como João da Banha, Zé Caniço e o nome do burrico de Pretinho. Na verdade, são causos, ou lendas, de um interlocutor inteligente, numa conversa sem reservas e sem censuras.

Entretanto, a história existe na sua narrativa. Dos campos catarinenses o autor foi buscar a saga vitoriosa da cearense Antonia Alves Feitosa (Jovita Feitosa), “uma moça morena, esbelta e bonita, de aspecto esportivo e saudável”. Ora, Jovita nasceu na cidade de Tauá, região dos Inhamus, no Ceará, em 8 de março de 1848. Era ela filha de Maximiano Bispo de Oliveira e de dona Maria Alves Feitosa. Nesse meio tempo, o suspense aqui ficou por conta do enterro da velha senhora. 

Faremos agora uma pequena digressão para que possamos aludir sobre Maria Quitéria e Anita Garibaldi. Será necessário, porque a jovem Jovita Feitosa nos traz à lembrança a nossa guerreira-maior, Maria Quitéria de Jesus Medeiros (Soldado Medeiros), protagonista da Guerra da Independência na Bahia. Ela foi chamada de Joana d’Arc brasileira. Do mesmo modo e, com muito mais entusiasmo, a heroína catarinense Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi, retratada na minissérie “A Casa das Sete Mulheres”, da Rede Globo, por Giovanna Antonelli.

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