Este compêndio, das Edições Melhoramentos, intitulado “Isto é a Bahia!”, com prefácio, legendas e notas de Edgard de Cerqueira Falcão e texto em português, inglês, francês, italiano e alemão, faz parte dos livros deixados pelo meu saudoso pai Ezequias Manoel Cotrim. “Traçada, desde o início, no alto duma colina escarpada, rente à margem oriental da baía de Todos os Santos, em sítio esplendidamente defensável contra prováveis inimigos que viessem a atacá-la por terra ou por mar, ocupava esta colina a primitiva capital do Brasil Colonial; Cidade do Salvador chamada, fundada pelo primeiro governador-geral, restrita área fortificada e protegida por baluartes guerreiros, guarnecidos com peças de artilharia vindas na frota de Tomé de Souza, em 1549”.
Na seleção de fotografias do início da década de 1950 podemos visualizar as transformações sofridas pelo desenvolvimento e pelo tempo. Nos flagrantes, dois pontos interessantes para a nossa história: o padrão de posse da Coroa Portuguesa (1500) e a praia de Porto Seguro, onde desembarcaram os portugueses no ano de 1500. Visitar esses lugares nos dá uma sensação de retornar o tempo e viver os momentos em que o almirante Pedro Álvares Cabral, em trânsito para as Índias, descobriu, oficialmente, o Brasil. Sobre a colonização brasileira, as ruínas seculares do Castelo da Torre de Garcia d’Ávila, senhores da terra, devassadores dos sertões nordestinos e introdutores da criação bovina nessa região, com a construção dos currais de gado vacum nas margens do rio São Francisco.
Nas páginas seguintes encontramos velhas fotografias de fortes, mosteiros, conventos, santuários e engenhos. Dentre todas elas, destaca-se o Forte da Barra, marco luminoso assinalando a entrada da baía de Todos os Santos, instalado em 1839, na antiga fortaleza de Santo Antônio, principiada na ponta do padrão, durante o quatriênio governamental de Manuel Teles Barreto. Todas as fotografias são em preto & branco, haja vista que na época ainda não existia a impressão colorida. Entretanto, “a qualidade artística das reproduções fotográficas e a visão verdadeiramente panorâmica, necessária ao conhecimento de uma urbe, serão guias seguros para quantos desejarem apreciar as riquezas e o espírito do nosso povo”.
Isto é a Bahia! Um livro quase que octogenário. Um livro que desfiou as intempéries várias e ainda permanece vivo na memória das pessoas.