Há um misto de alegria e de tristeza neste momento de dizer adeus. Alegria porque confio no trabalho do associado José Francisco Lima de Ornelas à frente do nosso Instituto e tristeza por ter que deixar o cargo de presidente desta mesma instituição. Entretanto, não estarei um minuto sequer afastado das lides habituais, até porque é lá que a minha alma flutua por entre as prateleiras das estantes de livros e dos objetos antigos constantes dos memoriais.
Mas, a ausência de alguns dos nossos associados, vitimados pela pandemia, está difícil de suportar, não obstante entendermos que a morte apenas transporta-nos para um lugar mais digno e acolhedor das promessas divinas.
Aliás, dizer adeus é uma forma inadequada para este momento, haja vista que, enquanto vida eu tiver aqui na Terra, nunca deixarei de frequentar o meu velho e querido Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Em vista disso, doravante, eu vou me preocupar um pouco mais com a recuperação das obras literárias dos saudosos montes-clarenses, as que ainda se encontram desgastadas pelo tempo, esquecidas em algum lugar do imaginário humano. Sabemos que é um trabalho custoso, em todos os sentidos, porém será muito gratificante e compensador.
Durante esses 15 anos de existência, o nosso Instituto Histórico deu-nos a insigne oportunidade de fazer novas amizades e de conservar, ainda mais, aquelas dos tempos de antanho. Nada é mais recompensador do que ficar alheio ao tempo, num bate-papo informal, sobre as coisas e a gente de nossa terra. Nos momentos de entretenimentos são permanentemente comuns as notícias do prosaico conhecimento circularem com todo o seu encanto. No IHGMC o associado sempre aprende um pouco mais e também ensina muito mais do que se deseja aprender.
Ali não se discute sobre política, futebol e religião, pois queremos aproveitar todo o tempo que nos resta para o aprendizado, sem cometer aborrecimento a quem quer que seja. As trocas de informações, de livros e do traquejo literário fazem do nosso humilde IHGMC um lugar aplausível para todos nós.
A hora do cafezinho, com biscoitos e bolachas, e, de vez em quando, um pedaço de requeijão de Serranópolis ou de queijo de Porteirinha – cortesia de Hermildo Rodrigues –, é sempre bom, isso sem falar do torresmo e da tapioca que a minha Júlia faz de vez em quando, com especial carinho.
Falar da história, da geografia, da genealogia, da antropologia. Falar sobre a literatura de cordel, os romances e as guerras da história universal. Comentar sobre um texto de um confrade publicado nos jornais e na Revista do Instituto, tudo isso faz parte do nosso cotidiano.
A pesquisa é a alma do conhecimento e as nossas bibliotecas, com mais de oito mil exemplares, pode-se dizer que são as guardiãs do nosso passado. Os autores montes-clarenses são valorizados entre os demais.
Portanto, chegamos ao fim de mais uma jornada na presidência do IHGMC. Estamos felizes e agradecidos. Vamos torcer para que os novos tempos possam trazer benefícios de monta em serventia para todos. Um amplexo!