A quem já não aconteceu sentir a doce emoção no dizer “Amo-te Muito” com a mulher pretendida? Em nada lhe ocorreu senão o momento mais sublime do amor e, neste caso, o refrão mais importante da canção do ilustre poeta João Chaves. Entretanto, esta criação poética tem os mesmos caminhos dos tributários do rio Vieira, que nascem em Bocaiuva e despejam suas águas em Montes Claros.
Assim, no ano de 1933, a poesia de João Chaves veio de lá para cá, sem limites, sem preconceitos, sem amarras com regras literárias, mas com as flutuações das emoções impostas pelo coração. Leitores, se o mestre cancioneiro lhes não traçou nenhuma condição na leitura de suas obras, é porque nada disso seria necessário, haja vista a sua genialidade no processo mágico de sua criação literária.
Era comum, no início do século XX, os poemas satíricos. Lendo as obras de João Chaves lembrei-me do meu saudoso avô, Domingos Antônio Teixeira, pois ele fazia as mesmas coisas, com as palavras, para arreliar algo sobre alguém.
Em Alfinetadas, a imaginação poética, e a criação literária, não passam de zombarias em trovas e versos. Com efeito, pela conjectura e sensibilidade é que se descobre a qualidade dos versos que compõem a obra. Isso sem falar na construção dos sonetos clássicos. Disse, com muita propriedade, a sua dedicada filha, Maria de Lourdes Chaves, que: “o soneto Chavinha é um primor de arte poética, onde o poeta faz um bailado de rimas bem rítmicas”.
Resgatar uma obra inédita do seresteiro João Chaves é uma bênção de Atena, a deusa da intelectualidade. Por outro lado, sabemos que o desígnio da literatura é ministrar o prazer cerebral, costumando o espírito a saborear as ideias e dispensando, no exercício do pensamento, a alegria, o descanso e a renovação, pois o seu ofício é ser o instrumento de cultura interior.
Nota-se que, num pequeno recado para a sua comadre Niquinha ele pede a ela “a fineza de permitir que o retrato fique em sua casa, para atentar a todo tempo os bons sentimentos que Deus” lhe reservava. Era assim as relações de amizade e de amor.
Um fazimento que surpreende, que impressiona e que seduz cordialidade e respeito. Este não é o único livro do poeta. A sua família já havia publicado, no ano de 1977, pela Editora Casa de Minas Gerais, os exemplares de “Risos e Lágrimas”. Para maior valorização das “alfinetadas”, foram publicados no seu final um cordel de Téo Azevedo e um posfácio de Wanderlino Arruda.
O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros sente-se honrado em apoiar a publicação deste livro, cumprimentando a nossa associada Lola Chaves pela missão agora realizada.
HISTÓRIA
O poeta João Chaves nasceu em Montes Claros no dia 22 de maio de 1885. Era filho de João Antônio Gonçalves Chaves e de dona Júlia Prates e Chaves. Consorciou-se com dona Maria das Mercês Figueiredo Chaves. O seu nome figura na lista dos patronos do IHGMC, na cadeira 52, que hoje tem assento a sua dedicada filha, Maria de Lourdes Chaves, “Lola Chaves”.
Finalizando, desejo, admiravelmente, agradecer a generosidade dos familiares do homenageado, no reconhecimento cabal deste trabalho de resgate da obra inédita do poeta João Chaves. Parabéns – in memoriam – poeta João Chaves!