Vida e gratidão

Wanderlino Arruda*
07/06/2017 às 06:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:58

É triste, muito triste, ver como o mundo se acha cheio de ansiedades, de conceitos puramente materialistas e utilitaristas. Pessoas e mais pessoas se esquecem da beleza da vida, da generosidade de outras pessoas, e se colocam como pequenos donos de um pedaço de meia-verdade, julgando-se numa independência que não existe. Esquecem-se de que a existência é um insistente ensino, uma perseverante luta pela felicidade e que só podemos ser felizes na caminhada solidária, de mãos dadas, unidos, com toda a alegria possível, com toda coragem, ou pelo menos com um pouco de sorriso em agradecimento à própria vida. De nada adianta o transbordamento das paixões, a manutenção de arestas morais, o narcisismo, a supervalorização, o pretenso domínio da inteligência ou do poder, o ódio sem direção ou mesmo direcionado. Tudo é vão, o viver é um crescimento espiritual de todo o tempo. Amar a si mesmo é valioso, mas o que é mais importante é amar o semelhante. E amar impõe sinceridade pessoal, desprendimento, uma visão clara de sonhos e realidades, um gostar, um querer bem sem limites. De nada vale o isolamento, a limitação, só a defesa do próprio interesse, a fanfarronice vazia e boba, uma falsa autoconfiança, o desprezo bulhento aos que amam a vida. De nada vale a falsa declaração de amor, sem identificação com o bem geral. É preciso desnovelar-se num esforço de melhoria geral, abrir os olhos para a paz, a paz das quatro paredes da nossa casa, a paz da nossa rua, dos nossos companheiros de jornada, a paz do mundo. Para alcançarmos a alegria, necessário é desafadigar-nos das opacas viseiras da falsa autossuficiência, triste posição da pessoa infeliz. Há ardorosos propagandistas de si mesmo que não passam do labirinto da sua própria ilusão, mas que caminham por caminhos tão estreitos e tão vulneráveis que nunca enganam a ninguém. Falam de liberdade, pregam autonomia, fomentam guerras, exterminam simpatias, direcionam-se para o fanatismo, combatem falsamente os preconceitos, mas não sabem libertar-se da cordoalha da servidão mental a que são jungidos a si mesmos. É preciso restaurar a fé nos semelhantes, semear a palavra de vida e da luz da esperança, viver com amor verdadeiro, perseverar no bem, tirar as lentes negras de diante dos olhos físicos e espirituais. Trombetear importância nunca foi medida levada a sério. A avidez de promoção pode ser atalho de caminhos, mas será sempre lodaçal de incompreensões. Não se deve morrer de orgulho, porque nem sempre a existência ajuntará o pequeno punhado de amigos que cada um tem. Eles podem espantar-se da nossa própria inconsciência. Que cada um se submeta ao currículo da aprendizagem na academia da vida, propondo valorizar todas as lições que estudam e preparam a conquista de tesouros maiores da inteligência e do sentimento. Cada período brinda-se com nova gama de experiências. É importante saber tirar proveitos do equilíbrio dos que são verdadeiramente equilibrados. É importantíssimo saber viver todos os momentos possíveis da felicidade. Na verdade, ser feliz é a nossa meta. E para ser feliz é preciso saber retribuir bem, ter gratidão. A vida não é só pedir. É muito mais agradecer!

*Escritor

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por