PSDB: um novo PMDB?

Artur Leite
Hoje em Dia - Belo Horizonte
13/06/2017 às 00:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:03

Para quem nunca conseguiu ser protagonista na hora de negociar cargos para apoiar o governo central, o PSDB nos últimos dias vestiu a camisa do velho e conhecido PMDB.

Está dando o grito, ameaçando abandonar o barco de Michel Temer.

Como todos já sabem, agora, que conseguiu a vitória no Tribunal Superior Eleitoral, o presidente está tentando juntar as peças que sobrou de seu governo para conseguir aprovar projetos e medidas de alta relevância para a retomada do crescimento.

Em encontro com parlamentares do Senado e Câmara Federal ele afirma que mesmo com a perda de apoio em sua base vai conseguir andar com os projetos.

Para ele, muito otimista, se conseguir manter a economia com o atual estágio, daqui a dois meses e meio vai ter um super discurso, para se manter no cargo.

Jurista e parlamentar experiente, Temer passou os últimos dias em estado de tensão.

Mas logo depois do voto de Gilmar Mendes ficou mais aliviado.

A ordem agora é tentar reagrupar a sua “turma” e partir firme para os votos.

Ventos que sopram de Brasília avisam que a ordem agora é para que os ministros saiam a campo.

Convençam as suas bases a aprovar, até o fim do mês, a reforma trabalhista.

Também terão que dar impulso às mudanças no sistema previdenciário, que enfrentam resistências enormes entre os partidos governistas.

A ação de convencimento envolverá empresários e investidores.

Temer vai estreitar os contatos com os donos do dinheiro.

Vai tentar induzi-los a tirarem das gavetas projetos que podem mover o Produto Interno Bruto (PIB) e reduzir o desemprego que afeta 14 milhões de pessoas.

Um forte argumento para o presidente, um dos poucos, é a queda da inflação que atingiu o menor nível em 10 anos, aliviando em muito o orçamento das famílias.

Mas, segundo o Palácio do Planalto, os juros precisam cair mais rapidamente para que os investidores tenham mais confiança nos projetos do governo.

Mas, este excesso de confiança precisa ter termo, já que o PSDB está vendo as chances de aumentar a sua participação no governo com mais indicações - já tem 4 ministros -, e assim consolidar o seu apoio.

Um velho estilo do PMDB.

É notório que outras denúncias surgirão contra o governo.

Resta saber se existe combustível suficiente para aguentá-las. Na verdade, ele já aguentou as últimas semanas.

Quando se pensava que “a toalha seria jogada”, foi absolvido, e como disse um ministro de Estado “temos que convencer a nossa base aliada de que estamos vivos e prontos para levar o governo até o fim de 2018.

É no Congresso que precisamos concentrar todos os esforços”, acrescenta.

Ele sabe que a empreitada custará caro.

Mas, com a caneta nas mãos, Temer não está preocupado com a fatura.

Entregará o que lhe for pedido em troca de apoio.

Tenho certeza de que os próximos dias serão cruciais para saber até que ponto o governo saiu ganhando, e sem o apoio do povo.

O mandato de senador e deputado está valendo outro nesta hora de fantástico fisiologismo.

É o velho PMDB deixando legado...

*Jornalista e professor
 

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