Para quem nunca conseguiu ser protagonista na hora de negociar cargos para apoiar o governo central, o PSDB nos últimos dias vestiu a camisa do velho e conhecido PMDB.
Está dando o grito, ameaçando abandonar o barco de Michel Temer.
Como todos já sabem, agora, que conseguiu a vitória no Tribunal Superior Eleitoral, o presidente está tentando juntar as peças que sobrou de seu governo para conseguir aprovar projetos e medidas de alta relevância para a retomada do crescimento.
Em encontro com parlamentares do Senado e Câmara Federal ele afirma que mesmo com a perda de apoio em sua base vai conseguir andar com os projetos.
Para ele, muito otimista, se conseguir manter a economia com o atual estágio, daqui a dois meses e meio vai ter um super discurso, para se manter no cargo.
Jurista e parlamentar experiente, Temer passou os últimos dias em estado de tensão.
Mas logo depois do voto de Gilmar Mendes ficou mais aliviado.
A ordem agora é tentar reagrupar a sua “turma” e partir firme para os votos.
Ventos que sopram de Brasília avisam que a ordem agora é para que os ministros saiam a campo.
Convençam as suas bases a aprovar, até o fim do mês, a reforma trabalhista.
Também terão que dar impulso às mudanças no sistema previdenciário, que enfrentam resistências enormes entre os partidos governistas.
A ação de convencimento envolverá empresários e investidores.
Temer vai estreitar os contatos com os donos do dinheiro.
Vai tentar induzi-los a tirarem das gavetas projetos que podem mover o Produto Interno Bruto (PIB) e reduzir o desemprego que afeta 14 milhões de pessoas.
Um forte argumento para o presidente, um dos poucos, é a queda da inflação que atingiu o menor nível em 10 anos, aliviando em muito o orçamento das famílias.
Mas, segundo o Palácio do Planalto, os juros precisam cair mais rapidamente para que os investidores tenham mais confiança nos projetos do governo.
Mas, este excesso de confiança precisa ter termo, já que o PSDB está vendo as chances de aumentar a sua participação no governo com mais indicações - já tem 4 ministros -, e assim consolidar o seu apoio.
Um velho estilo do PMDB.
É notório que outras denúncias surgirão contra o governo.
Resta saber se existe combustível suficiente para aguentá-las. Na verdade, ele já aguentou as últimas semanas.
Quando se pensava que “a toalha seria jogada”, foi absolvido, e como disse um ministro de Estado “temos que convencer a nossa base aliada de que estamos vivos e prontos para levar o governo até o fim de 2018.
É no Congresso que precisamos concentrar todos os esforços”, acrescenta.
Ele sabe que a empreitada custará caro.
Mas, com a caneta nas mãos, Temer não está preocupado com a fatura.
Entregará o que lhe for pedido em troca de apoio.
Tenho certeza de que os próximos dias serão cruciais para saber até que ponto o governo saiu ganhando, e sem o apoio do povo.
O mandato de senador e deputado está valendo outro nesta hora de fantástico fisiologismo.
É o velho PMDB deixando legado...
*Jornalista e professor