Sem entrar no aspecto político, é fato que as manifestações ocorridas por este Brasil afora de apoio à presidência da República e contrária ao STF demonstram, acima de tudo, um grau de indignação da população com relação à falta de sintonia entre os poderes, onde seus integrantes se acham acima da própria lei que criaram e os que se dizem serem guardiões da lei. Hoje é possível afirmar que nossos poderes estão à deriva.
Medidas absurdas
Não precisa ser cientista, infectologista ou médico que trabalha na linha de frente de combate à Covid-19 para perceber que tanto o governo estadual como prefeitos estão sendo orientados a tomarem medidas absurdas, que têm afetado diretamente a população. Um exemplo é a proibição de funcionamento de hotéis, inclusive nas rodovias. Qualquer pessoa que estiver em viagem e sentir necessidade de um descanso será obrigada a tentar dormir dentro do veículo. Se for uma família, a situação é ainda mais complicada. A medida também afeta centenas de caminhoneiros que cortam as estradas do Estado.
Bebida alcoólica
Considero compreensível a decisão de proibição de consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes da cidade, como medida de forçar o distanciamento. Entretanto, a venda para que o cidadão possa consumir em sua residência, não vejo nenhum problema. A medida adotada em Montes Claros, na prática, não tem evitado o consumo destas bebidas. A única mudança foi que donos de estabelecimentos estão aproveitando a situação para especular e vender o produto a um valor mais do dobro de mercado. A prefeitura sabe que não tem como fiscalizar e continua insistindo na medida.
Falta medicamento
A coluna recebeu a denúncia de que a Farmácia de Todos, em Montes Claros, administrada pela prefeitura, interrompeu o fornecimento de remédios especiais que são enviados pelo SUS e pelo governo do Estado. Um dos medicamentos em falta é o Gilenya, que é importado e não existe para a compra no Brasil. Ele é utilizado contra a esclerose múltipla, uma doença autoimune. Uma caixa com 30 comprimidos no exterior custa em torno de R$ 9 mil.
Pergunta com humor
Porque os prefeitos desmontaram os hospitais de campanha? Resposta: é porque a campanha e a eleição já passaram. Esqueceram de avisar que não era campanha eleitoral.
Imprensa e a população
Nós, quando integrantes da imprensa, temos que entender que hoje vivemos novos tempos, que telespectadores, leitores e ouvintes estão mais seletivos e conseguem se posicionar politicamente, sem sofrer qualquer tipo de influência. Quando agimos de forma parcial, a desmoralização é coletiva.