Preconceitos embutidos

Mara Narciso, médica e jornalista
26/06/2017 às 19:20.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:16

“Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar” (Roberto Carlos) nem sempre boa para os desprezados.

Há comportamentos implícitos de má vontade a nossa volta, que, ainda que sutis, escondem preconceitos e efeitos de catástrofe. Apenas quem já passou pelo fato entende as suas consequências, pois, ao saber, outras pessoas, vão minimizar.

Quem enfrenta o problema vê sua ferida ser beliscada todo dia, e sabe o tamanho da dor.

O discriminador faz intencionalmente, mas, pasme, diante de uma reação calorosa, assusta-se. É tão comum ter preconceito, rejeitar, insultar. O que não faltam são insolentes, que, para ficarem maiores, tentam derrubar o outro, semeiam guerra, enquanto fingem discursar a paz.

É tão natural discriminar a pessoa de pele escura, reservando-lhe os papéis sociais inferiores, tratar mal parece tão próprio, que chamar a polícia diante de um caso de injúria racial parece exagero.
Não é e nunca será.

É por isso que muitos buscam clarear a prole, alisar os cabelos, embranquecer.

O pobre também sabe o preço do desprezo.

Quem perdeu 40/50 quilos reconhece a diferença no relacionamento social, no olhar que o mundo lhe lança.

Nem é preciso entrar numa loja para comprar roupa, não, pois aí está óbvio.

O comportamento hostil vai, desde o espaço que o obeso ocupa no recinto, até na busca por trabalho. O empregador disfarça, mas não quer ligar sua empresa a imagem corporal associada ao desleixo e ao cansaço. E depois mudar de ideia, e até fazer um convite, ao ver a mesma pessoa após os efeitos da cirurgia bariátrica.

Não apenas no campo afetivo, quem experimenta a experiência do antes e do depois, sabe que muda tudo.

A discriminação adora a falácia do cada um em seu lugar, aquele ritmo habitual das coisas. Os cordatos, os calmos, os conformados, os humilhados, está na Bíblia, terão o Reino dos Céus.

Não, não fique calado.

Reaja quando não gostar de alguma atitude com qualquer um.

O preconceito contra a mulher, em todos os setores desse Brasil que já depôs uma presidente, é claríssimo.

As mulheres sentem isso, pois, veladamente são preteridas no trabalho a favor dos colegas homens.

Mesmo no topo da cadeia social, ver o brilho feminino incomoda e muitas, belas e sobre saltos, num sorriso por detrás do batom, fazem girar o ninho de cobras.

Um rapaz, que já foi moça socialmente, garante que hoje é gerente de setor, por ter trocado de sexo. E afirmou categórico: o mundo trata o homem muito melhor do que a mulher.

Tão habitual ser discriminada que muitas mal percebem a crueldade que é.

A Lei Maria da Penha e o Dia Internacional da Mulher são necessários, pois, ainda que humanos, muitos persistem desumanos.

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