O que é importante para as crianças não se tornarem obesas

Jornal O Norte
12/07/2005 às 17:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:47

Cinara Dreide


Repórter

A obesidade não é só doença de rico, famílias de baixo poder aquisitivo estão expostas ao problema, que também é de natureza social e pode ter relação com a desnutrição na infância.

As mulheres mais pobres, em idade fértil, têm maior prevalência de desnutrição e, portanto, podem gerar crianças de baixo peso, com maior risco de morrer no primeiro ano de vida.

Na opinião da endocrinologista, Mara Narciso, a coexistência entre obesidade e insegurança alimentar e nutricional em uma mesma família desperta perguntas sobre a associação entre fome e excesso de peso.

- O aumento da expectativa de vida, associado às mudanças nos padrões tecnológicos, culturais e sociais e no estilo de vida, não significa que o país resolveu o problema da fome - ressalta Mara Narciso.

- Como explicar que indivíduos que não possuem dinheiro necessário para a alimentação podem apresentar excesso de peso? Entre as mulheres, altas taxas de obesidade associam-se à desnutrição, à pobreza e ao baixo nível de escolaridade. Hoje, cerca de 40% das mulheres em idade fértil sofrem de anemia. O combate à desnutrição infantil começa desde que a criança está na barriga da mãe. A criança que sofre de desnutrição, desde o ventre até os dois anos, têm o seu metabolismo afetado. Essa disfunção faz com que no futuro essa criança tenha tendência a desenvolver a obesidade - explica o pediatra Marcus Vinicius.

Ele lembra o caso de Carlos Henrique Souza, que tem cinco anos e está fazendo regime e aula de natação para perder alguns quilinhos, pois o seu peso está acima da sua idade. Ele está pesando 22 kg e já perdeu 2 kg.

OBESIDADE

Além de distúrbios orgânicos, outros fatores podem explicar as tendências, como as mudanças no padrão alimentar e no estilo de vida. Para famílias de baixo poder aquisitivo, o custo de compra de alimentos de baixa qualidade nutricional e elevada densidade energética, encontrados a preços mais acessíveis em supermercados, lanchonetes e bares se tornam uma das opções.

- Isso dificulta a aquisição de produtos mais saudáveis, como verduras, frutas, legumes e carnes magras, que têm custo relativamente mais alto. Com a falta de tempo, dinheiro e informação adequada, as pessoas trocam pratos saudáveis por refrigerantes, ricos em açúcar, alimentos industrializados, sanduíches e salgados – relata endocrinologista Mara Narciso.

Ainda segundo ela, o consumo de açúcar do brasileiro é muito maior do que deveria.

Pessoas obesas sobrecarregam a coluna e os membros inferiores. Em longo prazo elas tendem a apresentar degenerações (artroses) de articulações da coluna, quadril, joelhos e tornozelos. Os obesos também se encontram mais vulneráveis a uma série de doenças ou distúrbios, como hipertensão, alguns tipos de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.

SUS

A obesidade mórbida receberá um novo enfoque de tratamento por parte do SUS. O ministério da Saúde fez a revisão do protocolo de atendimento por meio de uma portaria que regula os critérios da cirurgia de redução de estômago. A nova portaria estabelece três novos tipos de cirurgia, que se adequam à especificidade de cada caso, além da tradicional banda gástrica ajustável: a gastroplastia vertical com banda, que vai ser paga pelo SUS ao preço de R$ 3.697,32; a gastroplastia com derivação intestinal, no valor de R$ 4.614,82 e a gasteroctomia com ou sem desvio duodenal, ao preço de R$ 4.803.

Além dos novos procedimentos pagos pelo SUS, a portaria também garante ao paciente um tratamento mais humanizado e multidisciplinar. Psicólogos, nutricionistas e cirurgiões plásticos, no caso de cirurgias reparadoras, podem ser pagos pelo SUS para efetuar o tratamento. A expectativa é aumentar o número de procedimentos para tratar a obesidade mórbida.

- O distúrbio é caracterizado quando o paciente alcança um Índice de massa corpórea igual ou superior a 40kg/m2. O índice é obtido a partir de um cálculo em que o peso é dividido pela altura ao quadrado – conclui Mara.

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