Profissões em desaparecimento

27/10/2020 às 00:08.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:53

O telefone foi criado em 1876 e, quando Alexander Graham Bell fez sua primeira ligação, muitos se perguntavam: quem terá interesse em telefonar? Todos têm seu telefone celular e não conseguem viver sem ele.

Em 1993, pessoas de minha família estrearam na virtualidade e falavam de ações como “surfar na internet”. Inocente, eu lhes dizia: não tenho vontade de usar o computador. Mas, quando chegou o ano 2000, entrei no mundo virtual.

Alguns relutam em usar o celular digital, alegando serem muitas etapas para conseguir falar. Um dia não serão mais produzidos celulares analógicos. O que farão?

Da mesma forma que objetos pararam de ser fabricados, por ausência de consumidores, como ferro a brasa, máquina de moer carne a mão, lamparina, bomba de matar muriçoca, algumas profissões também desapareceram. Antes de eu nascer, existiram caçadores, acendedores de lampião de gás, desentupidores de fossa séptica, lenhadores. Ainda vi costureiras prestarem serviço nas residências. Passavam dias costurando roupas para os moradores, além de fazer consertos.

Acompanhei o surgimento e desaparecimento da frizeira, mulher que passava dias fazendo comida na casa do contratante, etiquetando e congelando tudo para um mês. Era confortável não ter de cozinhar. Era só descongelar, mas o uso do forno de micro-ondas, usado no processo, exigia um curso. O videocassete era um aparelho desafiador, cujo manuseio pedia aula. Pelo alto custo, era comprado por consórcio, pagando-se a mensalidade em dólar. Depois, a família reunida recebia explicações sobre o funcionamento, como ligar, desligar, colocar a fita, rebobinar, gravar. A possibilidade de ver filmes em casa, no conforto, na hora em que se quisesse, foi um avanço na área de lazer. A tecnologia durou pouco, caindo com sua substituição pelo DVD, e fechamento das videolocadoras. Essa maneira de ver filmes foi atropelada pelos canais pagos de TV e pela internet. A conta de luz, por sua vez, desligou o freezer.

Ainda existem, mas em acelerada fase de desaparecimento, a empregada doméstica e a lavadeira. Cuidadores de idosos, vivendo mais a cada dia, surgem fulgurante. O vai e vem permanece e, com a pandemia e o trabalho remoto, outras profissões deverão sumir. 

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