“O amor em tempos do cólera”, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, o Gabo, publicado em 1985, traz 429 páginas com reminiscências do romance de Florentino e Fermina. Ambientado durante um surto de cólera, a doença, altamente contagiosa, aproximou Fermina do médico Juvenal, com o qual se casou, teve filhos e viveram por mais de 50 anos. Florentino, escritor de cartas apaixonadas, foi preterido, por ser um simples mensageiro. Quando Juvenal morre, o casal afastado revive seus desencontros. É preciso ler esse livro.
Há quatro meses o mundo enfrenta a pandemia de coronavírus. Os mortos, mal pranteados, nem são velados. Corpos são abandonados dentro das casas ou deixados à porta por fugitivos que correm da peste, mas a Terra está empesteada. Caminhões do Exército transportam as vítimas da Covid-19. Há solidariedade, mas impera o “salve-se quem puder”. No Brasil, milhares de doentes suspeitos não fazem exames específicos, caracterizando a subnotificação. Em Montes Claros, clínica, evolução e dados epidemiológicos excluem ou levam os casos à testagem. Até sábado, dois óbitos foram confirmados. Não há exames para todos, e sem testes, sem notificações. Os números baixos do Brasil, se comparados aos outros países, afrouxam o confinamento. Fique em casa!
Temerosas, as pessoas não creem no futuro. Muitas seguem o protocolo de isolamento e segurança. Outras, curiosas e ousadas, querem concretizar um relacionamento começado pela internet. Letrinhas vão e voltam, então, seguem entusiasmadas, num fulgurante interesse. Afoitas, querem se encontrar. Há um risco imenso nesse encontro. Mesmo que ambos estejam saudáveis, pois a doença pode cursar sem sintomas, tomem cuidado!
“Baby boom”? Casais antigos, à parte a tensão reinante, durante o afastamento social, se questionam sobre os limites do amor em tempos de Covid-19. O que devem e o que não devem fazer? Podem-se pegar nas mãos? E abraçar? Podem-se beijar de máscara? Gotículas com o vírus ficam no ar durante minutos, após uma simples fala, e são contaminantes, então, o que pensar dos jogos amorosos? Lastimemos, mas é melhor esperar para quando o mundo voltar ao normal, se o que conhecíamos como mundo e normalidade voltem a existir.