Maldição

17/11/2020 às 00:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:04

Quando se diz Pero Vaz de Caminha, o brasileiro comum se lembrará da famosa carta ao rei de Portugal Dom Manuel O Venturoso e a expressão “em se plantando tudo dá”, referindo-se ao rico solo do Brasil. Luís Vaz de Camões, outro português daquele tempo, seria lembrado por “Os Lusíadas”, mas poderia ser citada parte de um soneto: “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer”.

Seguindo o ritmo da maldição benéfica, de um feito sem precedentes, mesmo que o referido tenha vasta produção, poderá ser lembrado por algo, que talvez considerasse menor. Vejamos! Leonardo Da Vinci e “Monalisa”, Beethoven e a “Quinta Sinfonia”, Vincent Van Gogh e “Girassóis e Noite Estrelada”, Michelangelo e “Davi, Pietá, Capela Sistina”, Pablo Picasso e “Guernica”.

Mais recente, respeitando-se o tamanho de cada coisa, temos artista que, de uma hora para outra, se nega a cantar uma produção que o consagrou. A música mais tocada de Roberto Carlos na Jovem Guarda foi “Quero que vá tudo pro inferno” (1965). Diz o refrão: “Só quero que você me aqueça neste inverno. E que tudo mais vá pro inferno”. Deve ter sido executada mais do que “Detalhes”. Devido à superstição, RC ficou quase 40 anos sem cantar tal música, que passou a considerar amaldiçoada. Em 2016, venceu o TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo e mandou o bloqueio para o inferno.

A morte da cantora Vanusa, numa casa de repouso, levantou discussões e explicações sobre abandono de pais em asilos. Levou seus fãs a relatarem não imaginar um show dela sem a música “Manhãs de Setembro”. Pois soube que não queria mais cantá-la, exceto quando solicitada. “Paralelas” (1975), de Belchior, é outra música icônica da mesma artista. De interpretação única, continuou nos shows.

Caso John Lennon não tivesse morrido há 40 anos (8 de dezembro de 1980), qual música cantaria em todos os seus shows? “Imagine”? Os Rolling Stones, depois de cantar “Satisfaction” durante 55 anos, devem estar exaustos dela. Aqui, mais perto de nós, “Caminhando em frente” é uma música que tocou bastante. Suponho que, apesar dos dividendos, Almir Sater deva estar enjoado de cantá-la. Que cada um faça sua lista especial de maldições.

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