Entre o sim e o não

31/03/2020 às 00:49.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:08

Sabe aquele momento entre o estar acordado e o dormir, mais observado nos cochilos após o almoço, e que Monteiro Lobato chamava de madorna? Não sabemos como conciliamos o sono, mas custamos a dormir quando temos problemas. O pensamento repetitivo e, às vezes, acelerado impede de dormir. Há quem esteja doente grave, porém consciente e receia dormir e morrer. Pode pedir “não me deixe morrer”, e sente que, se acordado, a morte não chegará. Há muitos casos de pessoas que morrem dormindo, uma bênção reservada aos espíritos elevados. É tênue a diferença do estado mental entrando no sono até o sono propriamente dito, podendo ficar indo e voltando.

O louco não reconhece sua situação, ainda que, quando está no limiar entre a lucidez e a loucura experimente sofrimento mental. Pode-se imaginar uma cortina branca, fina e balouçante ao vento, separando dois mundos distintos, o da lucidez e o da loucura. A farmacologia tem remédios que resgatam a pessoa, trazendo-a para uma vida produtiva e feliz.

“No princípio, era escuridão e Deus disse: faça-se a luz. E a luz foi feita”. Estão aí realidades diferentes, luz e sombra, dia e noite, realidade e sonho. O objetivo pode acontecer em um segundo, haja vista Kibiwott Kandie, o queniano que, num milésimo de segundo, na última passada da Corrida de São Silvestre 2019, ultrapassou o ugandense Jacob Kiplimo. Assim também é nas Olimpíadas, quando aquele tempo que o pensamento humano não consegue medir transforma um anônimo em herói planetário.

O amor e o ódio andam de mãos dadas. Caso o objeto do amor passe a gostar de outra pessoa, o amor derramado transforma-se em ódio mortal. Isso para ficar num exemplo tão comum quanto banal. Quantas vezes, quando se podia dizer não, e se disse sim, mudou-se uma história, um destino, uma vida? A sua e a do outro?

Duas situações extremas, o princípio e o fim da vida podem acontecer em mais de um século ou em alguns minutos, nos nascidos vivos. Da mesma forma que não nos lembramos de quando começamos, não saberemos estar acabando. Morrer deve ser como um desligar. Quem morreu sabe que está morto? Enfim, nesse mundo dual, somos joguetes da própria sorte. Ou azar. Setenta por cento se infectarão. Quem se livrará do coronavírus?

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