Cumpadre Alcides

08/06/2021 às 00:13.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:07

Para os amigos era “cumpadre” Alcides, um compadrio não oficializado, comandado pelo coração. Afinal, os jogadores de futebol tinham amor à camisa e eram amigos. Para escrever sobre o futebol do meu pai Alcides Alves da Cruz, falei com ex-jogadores da época, sugeridos por Denarte D’Ávila, um cultor do futebol local.

Pai nasceu em Januária em 1931, filho de Antônio Alves da Cruz, um fazendeiro pernambucano de Cabrobó. Fez o ginásio no Colégio São João e, a convite do Cassimiro de Abreu, veio para Montes Claros aos 15 anos. Cursou contabilidade no Instituto Mineiro de Educação e trabalhou na Somar, Crevac, Montes Claros Diesel e Refloralge. Teve a loja “A Parisiense” e os filhos Helder, Carla, Mara e Mayra.

Era difícil em casa e fácil com os amigos. Valorizava os estudos e nos deu boas escolas. Aos 74 anos sofreu episódios de AVC hemorrágico, ficando acamado por cinco anos. Faleceu em 27 de janeiro de 2010.

Grande craque de bola, sendo destro, batia também de canhota. Seu estilo era invejado pelos que o viram jogar e pelos que ouviram falar dele. Davidson Diniz disse: “Nos anos 60, vi o inesquecível centroavante Alcides jogar pelo Cassimiro de Abreu. Fazia gols de sem pulo, onde pairava no ar e impulsionava a bola com os dois pés, para as redes adversárias”.

Tunico Sargento contou: “era um goleador, marcava gols, principalmente de sem pulo, quando o atleta acerta, de primeira, um petardo numa bola que é centrada em sua direção. Os goleiros o temiam e os zagueiros não desgrudavam dele. Era elegante, leal, e gentil.

Felipe Gabrich: “foi de uma geração de atletas anterior à minha. Soube ter sido um “cracão” de bola, ídolo da torcida, e marcou a história do futebol. Casou-se bem, e foi um lojista respeitado e íntegro”.

Cristóvão Barreto: “Alcides e Manoelito, uma dupla atacante do Cassimiro, um com chute potente e o outro com criatividade. Num contra-ataque, em alta velocidade, trocando passes, somente os dois, se revezavam na colocação em campo, a defesa estática, eles gritando “passa cumpadre”, já estavam na grande área. Alcides corre pelo meio e Manoelito desloca para a ponta. Alcides, de costas para o gol, recebe a bola e, quando todos esperavam o giro para bater um chute forte, faz um golaço de calcanhar”!

É gol!

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