Balanço do silêncio

07/04/2020 às 00:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:12

“E no balanço das horas, tudo pode mudar” (Tudo pode mudar, Metrô), “Bete balanço, meu amor” (Bete Balanço, Cazuza). Balanço aqui é menos contábil e mais vida e reflexão. 

O silêncio, assim como o preto é ausência de cor, é ausência de som, no entanto, diante do silêncio reinante, percebe-se ouvi-lo. A quietude convida a introspecção e olhar para dentro de si. Muitos fazem retrospectiva da vida que tiveram e alguns, dentro do seu temor, apegam-se às suas crenças para se sentirem fortes e vencer tal provação. 

Exceto executores de serviços essenciais, como supermercado, farmácia e hospital, as crianças e estudantes estão em casa, assim como profissionais de outras áreas. Como se trata de um período grave, semelhante a uma guerra, é preciso que o Estado proteja as pessoas contra o coronavírus e sua doença Covid-19, dando-lhes segurança e alimentação. É necessário haver celeridade nessas leis e ajuda governamental para logo. Goste-se ou não, é assim que deve ser. 

Todas as autoridades de saúde mundiais são unânimes: o isolamento social é necessário para reduzir a velocidade de contaminação e não colapsar os serviços de saúde, caso de as pessoas adoecerem todas ao mesmo tempo. Os meios de comunicação estão divulgando, incansavelmente, a necessidade de se ficar em casa e dos extensos cuidados de higiene. Isso não impede, mas reduz a contaminação. 

Com comércio e serviços parados, o silêncio tomou conta do mundo que já se mostra diferente de antes, com animais selvagens invadindo o espaço urbano, águas e ar menos poluídos, e junto ao temor, vêm os cuidados consigo e com os outros. A solidariedade aparece. 

Dias e noites estão silenciosos como se fossem um grande domingo, ou uma Sexta-feira da Paixão de antigamente, quando ninguém saía à porta. E junto com as tarefas domésticas, assuntam-se o silêncio em volta e todos os conselhos que ele pode dar. Muitos questionamentos surgem, pois, diante da reclusão, objetos muito caros não perdem o valor e sim a utilidade. Os dias são iguais e os sentimentos opressivos. 

Quanto à sobrevivência, é uma loteria, sendo melhor se desconectar do balanço, este sim, contábil, da olimpíada macabra. A humanidade desafinou e o desejo da Terra é despejá-la. Conseguirá?

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